São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Baladas escondem uso da eletrônica

Em "Daqui pro Futuro", Pato Fu usa programação eletrônica para soar como instrumentos "de verdade" e privilegia melodias

Ulhoa diz que só agora entendeu que a melodia é o mais importante; "Antes, eu fazia as letras em primeiro lugar", afirma guitarrista

Nino Andrés/Divulgação
A banda mineira Pato Fu, que lança seu nono disco, "Daqui pro Futuro"


DA REPORTAGEM LOCAL

Desde seu primeiro disco, "Rotomusic de Liquidificapum" (1993), a tecnologia cumpre papel central na música do Pato Fu, que lança agora "Daqui pro Futuro". À primeira vista, este é o disco menos eletrônico e mais convencional de sua carreira, composto em sua maior parte por baladas.
Mas o Pato Fu também tem outra característica marcante e é daquelas bandas que estão aí para confundir. "Quando a gente começou a escolher os timbres para as músicas, caímos nessa escolha de fazer o eletrônico soar orgânico, como se fosse tocado pelas mãos do homem", diz Fernanda Takai.
A faixa "Espero", por exemplo, tem sons de quarteto de cordas e harpa que foram feitos a partir de programação eletrônica. Na prática, uma audição desatenta vai notar apenas um harpista "normal" tocando.
A tradicional esquizofrenia musical do Pato Fu, de guitarras rápidas, vocais esganiçados, que já renderam boas, mas também equivocadas canções no passado, está domada.
Ela dá as caras de leve, em "Woo!", faixa que fala sobre sair do armário. "Ando escutando Scissor Sisters, Mika... Essa geração que faz uma música assumidamente gay é muito rica em talentos. Gosto do clima de felicidade máxima que esses caras passam em seu som, e daí pensei em fazer uma música assim", explica Ulhoa.
E "Tudo Vai Ficar Bem", uma "salsa ao avesso", mantém o humor, mas de forma mais sóbria, com a participação da colombiana Andrea Echeverri, da banda Aterciopelados.
Na outra ponta, o guitarrista e compositor anda fascinado por canções calminhas. "Meu herói em termos de composição é o Elvis Costello, que diz que a melodia é o mais importante. Só agora comecei a entender esse processo. Eu fazia as letras em primeiro lugar."
Lógica parecida segue a versão de "Cities in Dust", um dos maiores hits de pistas góticas dos anos 80. A versão do Pato Fu é mais cadenciada. "Falaram pra gente tocar mais rápido, porque daí seria um sucesso de boate na certa. Mas a gente não quis", diz Fernanda.
Já "1.000 Guilhotinas" traz um Pato Fu político, ao abordar um soldado que não quer ir para a guerra. "Hoje acho que patriotismo é uma barca furada disfarçada com cores bonitas", diz Ulhoa. (BRUNO YUTAKA SAITO)


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