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MÚSICA ELETRÔNICA
Dois representantes do coletivo de DJs e produtores norte-americanos se apresentam hoje em São Paulo
Underground Resistance expande "missão" ao Brasil
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
A resistência chegou a São Paulo. Um dos principais emblemas
da música eletrônica, o coletivo
norte-americano Underground
Resistance está com dois de seus
"soldados" no país.
Os DJs Dex (Dan Caballero) e
Sharif Zawideh se apresentam hoje no clube ampgalaxy, na capital
paulista -no último final de semana, a dupla tocou no Rio de Janeiro, no Dama de Ferro.
Criado em 1989, em Detroit, cidade-berço do tecno, o Underground Resistance revelou-se um
dos principais expoentes da dance music -e da música eletrônica
em geral- "engajada".
O coletivo originou-se das mentes dos DJs e produtores Jeff Mills
e Mike Banks -em seguida, Robert Hood entraria para o núcleo
do grupo. Eles têm "A" proposta:
fazer a música de amanhã hoje,
utilizando toda a tecnologia disponível para combater "a mediocridade musical e visual que é engolida pelas massas".
Não há um inimigo claro, conhecido; o que há é uma espécie
de manifesto vago; eles querem
destruir "um muro que separa todas as raças de uma conivência
pacífica", por meio de uma música experimental e inovadora.
"De certa forma, o UR funciona
como uma plataforma diferente
para alguns ótimos produtores de
tecno", diz Sharif à Folha, por e-mail (ele é parte do coletivo desde
1997; Dex entrou em 2002). "Sobre a nossa missão, está tudo ali
em nosso site [www.undergroundresistance.com]."
Com estratégias e simbologias
militares (se identificam como
"aliados"), que por vezes lembram às da banda de rap Public
Enemy, o UR é um dos pilares do
tecno de Detroit, de onde surgiram Derrick May, Kevin Saunderson e Juan Atkins, uma música
com forte influência de Kraftwerk, jazz, minimalismo, cordas...
Sharif cita alguns exemplos de
lançamentos relacionados ao grupo: "Los Hermanos 4" ("guitarras
sobrepostas a tribal-tecno"), "Return of the Dragons", do projeto
Timeline ("um jazz-remix ao vivo
de "Journey of the Dragons'").
"Estamos sempre experimentando coisas novas e diferentes."
De ouvinte a ouvinte
Quando apareceu, em 1989, os
EUA estavam na transição Ronald Reagan/George Bush. Em
2004, com os republicanos novamente no poder dos EUA, Sharif
diz que a mensagem política
("progressista") do UR não aparece nitidamente na música, mas
é entendida implicitamente.
"Nós enviamos as vibrações sonoras, o resto é de responsabilidade do ouvinte. Qualquer pensamento, conceito, idéia, medo, estereótipo e fantasia são desenvolvidos pelo ouvinte."
Há muitos produtores por aí,
mas poucos, segundo Sharif, alcançam a amplitude sonora do
UR. "Não posso falar pelos outros, mas para nós música é como
água -sem cor, sem forma ou
fronteiras, sempre se expandindo.
Poucas músicas conseguem se encaixar nessa definição. As possibilidades musicais são vastas como
os nossos pensamentos."
É a primeira vez que os dois vêm
ao Brasil. Sobre as duas apresentações que fizeram no clube Dama de Ferro, no Rio de Janeiro,
Sharif não dispensa elogios:
"Foram duas ótimas noites,
com uma atmosfera ótima. Nós
nos sentimos livres para tocar
qualquer coisa, e o público continuava dançando".
THE SPIRIT OF MILLER'S HOUSE. Festa
com os DJs Dex e Sharif, do grupo
Underground Resistance. Onde:
ampgalaxy (r. Fradique Coutinho, 352,
Pinheiros, São Paulo, tel. 0/xx/11/3085-7867). Quando: hoje, a partir das 23h.
Quanto: de R$ 15 a R$ 30.
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