São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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MÚSICA ELETRÔNICA

Dois representantes do coletivo de DJs e produtores norte-americanos se apresentam hoje em São Paulo

Underground Resistance expande "missão" ao Brasil

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

A resistência chegou a São Paulo. Um dos principais emblemas da música eletrônica, o coletivo norte-americano Underground Resistance está com dois de seus "soldados" no país.
Os DJs Dex (Dan Caballero) e Sharif Zawideh se apresentam hoje no clube ampgalaxy, na capital paulista -no último final de semana, a dupla tocou no Rio de Janeiro, no Dama de Ferro.
Criado em 1989, em Detroit, cidade-berço do tecno, o Underground Resistance revelou-se um dos principais expoentes da dance music -e da música eletrônica em geral- "engajada".
O coletivo originou-se das mentes dos DJs e produtores Jeff Mills e Mike Banks -em seguida, Robert Hood entraria para o núcleo do grupo. Eles têm "A" proposta: fazer a música de amanhã hoje, utilizando toda a tecnologia disponível para combater "a mediocridade musical e visual que é engolida pelas massas".
Não há um inimigo claro, conhecido; o que há é uma espécie de manifesto vago; eles querem destruir "um muro que separa todas as raças de uma conivência pacífica", por meio de uma música experimental e inovadora.
"De certa forma, o UR funciona como uma plataforma diferente para alguns ótimos produtores de tecno", diz Sharif à Folha, por e-mail (ele é parte do coletivo desde 1997; Dex entrou em 2002). "Sobre a nossa missão, está tudo ali em nosso site [www.undergroundresistance.com]."
Com estratégias e simbologias militares (se identificam como "aliados"), que por vezes lembram às da banda de rap Public Enemy, o UR é um dos pilares do tecno de Detroit, de onde surgiram Derrick May, Kevin Saunderson e Juan Atkins, uma música com forte influência de Kraftwerk, jazz, minimalismo, cordas...
Sharif cita alguns exemplos de lançamentos relacionados ao grupo: "Los Hermanos 4" ("guitarras sobrepostas a tribal-tecno"), "Return of the Dragons", do projeto Timeline ("um jazz-remix ao vivo de "Journey of the Dragons'"). "Estamos sempre experimentando coisas novas e diferentes."

De ouvinte a ouvinte
Quando apareceu, em 1989, os EUA estavam na transição Ronald Reagan/George Bush. Em 2004, com os republicanos novamente no poder dos EUA, Sharif diz que a mensagem política ("progressista") do UR não aparece nitidamente na música, mas é entendida implicitamente.
"Nós enviamos as vibrações sonoras, o resto é de responsabilidade do ouvinte. Qualquer pensamento, conceito, idéia, medo, estereótipo e fantasia são desenvolvidos pelo ouvinte."
Há muitos produtores por aí, mas poucos, segundo Sharif, alcançam a amplitude sonora do UR. "Não posso falar pelos outros, mas para nós música é como água -sem cor, sem forma ou fronteiras, sempre se expandindo. Poucas músicas conseguem se encaixar nessa definição. As possibilidades musicais são vastas como os nossos pensamentos."
É a primeira vez que os dois vêm ao Brasil. Sobre as duas apresentações que fizeram no clube Dama de Ferro, no Rio de Janeiro, Sharif não dispensa elogios:
"Foram duas ótimas noites, com uma atmosfera ótima. Nós nos sentimos livres para tocar qualquer coisa, e o público continuava dançando".


THE SPIRIT OF MILLER'S HOUSE. Festa com os DJs Dex e Sharif, do grupo Underground Resistance. Onde: ampgalaxy (r. Fradique Coutinho, 352, Pinheiros, São Paulo, tel. 0/xx/11/3085-7867). Quando: hoje, a partir das 23h. Quanto: de R$ 15 a R$ 30.


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