São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Convite de João sela paz com Tito Madi

Músico chamou autor de "Chove Lá Fora" para ver seu show hoje, no Rio; em 61, pedido de silêncio causou briga

DA SUCURSAL DO RIO

Depois de cantar "Chove Lá Fora" em São Paulo, João Gilberto convidou Tito Madi, o autor da música, para assistir a seu show no Rio, hoje, às 21h, no Teatro Municipal. Feito por meio de um jornal carioca, o convite põe fim a um rompimento de 47 anos.
Foi em 1961 que, nos bastidores do teatro Paramount, em São Paulo, João e Tito brigaram feio por causa de uma bobagem: o primeiro não gostou de ouvir um pedido de silêncio do segundo ("não faça psiu para mim, Tito"), recebeu um leve empurrão e, em troca, golpeou com seu violão o amigo, que até o hospedara em casa. A agressão resultou em dez pontos na cabeça da vítima, um inquérito policial arquivado a pedido de Tito e uma mágoa que só agora parece se dissipar.
"Fiquei muito contente com a homenagem que ele me fez cantando "Chove Lá Fora". Poderia ter feito há quase 50 anos, pois eu fiquei muito magoado com o que aconteceu. Mas a mágoa acabou. Essa simpática homenagem e esse convite para ir ao show me deixaram muito agradecido. Estou até feliz. A história está encerrada. Estou aberto para um abraço dele", disse Tito, 79.
Apesar da alegria, ele não poderá ir ao Municipal, pois se convalesce de um derrame.
Já Sérgio Ricardo, outro convidado via imprensa, promete que estará na platéia. Ele também teve uma música ("O Nosso Olhar") interpretada por João nos shows de São Paulo e também hospedou o baiano nos anos 50. Mas disse que nunca brigou com o criador da bossa nova, que ainda liga para ele de vez em quando.
"Vou estar lá [no Municipal], estou animado. Achei muito engraçado esse convite pelo jornal", afirmou.
Autor de novelas da Rede Globo, Manoel Carlos não se recorda de ter conversado com João nos últimos 35 anos. Mesmo assim, está na lista de convidados especiais do cantor.
"Eu iria de qualquer maneira, mas agora, com o convite público do João, como não estar presente? Estou honradíssimo com a lembrança do velho amigo", disse. Ele se lembra de acompanhá-lo em São Paulo após apresentações em programas como "O Fino da Bossa".
Outro integrante da lista é o pianista Antônio Wanderley, há 42 anos na banda de Roberto Carlos. Ele disse não saber se irá ao Municipal, pois possivelmente ensaiará nesta noite em São Paulo para os shows de amanhã e terça do Rei com Caetano Veloso. Wanderley, 66, conheceu João "no tempo da Bossa Nova", apresentado pelo baterista Milton Banana, de cujo trio participou.
"Fizemos muita amizade. Em 1973, fui para Nova York tocar com Airto Moreira [baterista e percussionista brasileiro]. Todo dia eu estava com João Gilberto, que morava lá. Aqui no Brasil, a gente também se encontrava, mas faz uns três anos que não falo com ele. Sabe como é, o João tem horários meio difíceis. Gosta da noite, da madrugada. Ele tem o tempo dele", disse o músico. (LFV E SERGIO TORRES)


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