São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2010

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Filme faz perfil de Spector louco e genial

Documentário em cartaz nos EUA traz rara entrevista do produtor americano condenado por matar uma atriz

Phil Spector produziu John Lennon e criou técnica de gravação; para ele, indústria não o respeitou como deveria


FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

Todos os hits e todas as perucas -ops, quer dizer, penteados- de Phil Spector, 70, estão num documentário em cartaz nos EUA que traz uma rara entrevista com o lendário produtor americano condenado por assassinato.
Spector é retratado como um gênio musical e também como um completo sociopata, que se compara a Da Vinci, fala mal de Tony Bennett e remói rancores pela indústria que, segundo ele, nunca o respeitou como deveria.
Só ele é entrevistado no filme produzido pela BBC, "A Agonia e o Êxtase de Phil Spector", em seu "castelo" em Los Angeles, antes do primeiro julgamento pela morte de uma atriz, com um tiro na boca disparado por uma de suas inúmeras armas.
Além de ter criado uma técnica inovadora de gravação nos anos 60, a "wall of sound" (parede de som), Spector produziu gente como John Lennon, Tina Turner e hits como "Be My Baby".

LADO OBSCURO
"Cresci com suas músicas, achando que eram felizes", disse o diretor Vikram Jayanti na primeira sessão do filme em Los Angeles, na semana passada. "E quanto mais eu as ouvia na sala de edição, mais percebia um lado obscuro e um vazio existencial."
Fazem parte do filme 21 músicas, tocadas em videoclipes da época ou com cenas do julgamento, no qual Spector desfila ternos extravagantes e penteados bizarros.
Ele jurou ao diretor que não são perucas, apesar de uma foto sua, tirada ao ser fichado, provar sua calvície avançada. O produtor, que ficou 15 anos sem dar entrevistas, também nega o crime.

CULPADO OU INOCENTE?
"O filme não é sobre se ele é culpado ou inocente", disse Jayanti. "É sobre entender sua música, o personagem e o que o trouxe até aqui."
"Enquanto eu o via no tribunal, às vezes com um olhar distante, imaginava o que raios passava por sua cabeça... Provavelmente passavam seus melhores hits."
Na sala de cinema também estava um dos filhos de Spector, Louis, que agradeceu ao diretor. "Você fez um trabalho incrível. Fiquei comovido. Gostei de como você respeitou Lana [a atriz morta] e também meu pai", disse.
Louis é filho adotivo de Spector com Ronnie, então líder das Ronettes. Mãe e filho declararam na época do divórcio, nos anos 1970, que sofreram abusos do produtor. Ele foi preso em 2009, após segundo julgamento.


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