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Filme faz perfil de Spector louco e genial
Documentário em cartaz nos EUA traz rara entrevista do produtor americano condenado por matar uma atriz
Phil Spector produziu
John Lennon e criou
técnica de gravação;
para ele, indústria não o
respeitou como deveria
FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES
Todos os hits e todas as perucas -ops, quer dizer, penteados- de Phil Spector, 70,
estão num documentário em
cartaz nos EUA que traz uma
rara entrevista com o lendário produtor americano condenado por assassinato.
Spector é retratado como
um gênio musical e também
como um completo sociopata, que se compara a Da Vinci, fala mal de Tony Bennett e
remói rancores pela indústria que, segundo ele, nunca
o respeitou como deveria.
Só ele é entrevistado no filme produzido pela BBC, "A
Agonia e o Êxtase de Phil
Spector", em seu "castelo"
em Los Angeles, antes do primeiro julgamento pela morte
de uma atriz, com um tiro na
boca disparado por uma de
suas inúmeras armas.
Além de ter criado uma
técnica inovadora de gravação nos anos 60, a "wall of
sound" (parede de som),
Spector produziu gente como
John Lennon, Tina Turner e
hits como "Be My Baby".
LADO OBSCURO
"Cresci com suas músicas,
achando que eram felizes",
disse o diretor Vikram Jayanti na primeira sessão do filme
em Los Angeles, na semana
passada. "E quanto mais eu
as ouvia na sala de edição,
mais percebia um lado obscuro e um vazio existencial."
Fazem parte do filme 21
músicas, tocadas em videoclipes da época ou com cenas
do julgamento, no qual Spector desfila ternos extravagantes e penteados bizarros.
Ele jurou ao diretor que
não são perucas, apesar de
uma foto sua, tirada ao ser fichado, provar sua calvície
avançada. O produtor, que ficou 15 anos sem dar entrevistas, também nega o crime.
CULPADO OU INOCENTE?
"O filme não é sobre se ele
é culpado ou inocente", disse
Jayanti. "É sobre entender
sua música, o personagem e
o que o trouxe até aqui."
"Enquanto eu o via no tribunal, às vezes com um olhar
distante, imaginava o que
raios passava por sua cabeça... Provavelmente passavam seus melhores hits."
Na sala de cinema também
estava um dos filhos de Spector, Louis, que agradeceu ao
diretor. "Você fez um trabalho incrível. Fiquei comovido. Gostei de como você respeitou Lana [a atriz morta] e
também meu pai", disse.
Louis é filho adotivo de
Spector com Ronnie, então líder das Ronettes. Mãe e filho
declararam na época do divórcio, nos anos 1970, que
sofreram abusos do produtor. Ele foi preso em 2009,
após segundo julgamento.
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