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CRÍTICA DRAMA
Débora Duarte está brilhante em "Adorável Desgraçada"
CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA
O título "Adorável Desgraçada" ecoa a oscilação apaixonada da protagonista, Guta Mello Santos, cuja inveja
pelas ousadias de sua melhor
amiga de infância desdobra-se em ódio ou idolatria.
Escrito por Leilah Assumpção, o monólogo esconde sob o desdém de Guta em
relação às gaiatices dessa
"saracura de perna dura" algumas lembranças dolorosas entre as quinquilharias
de seu passado.
Solteira e sozinha em seu
apartamento, depara-se com
a TV quebrada, sutil disparo
dramático para preencher o
silêncio com sua fala e ameaça de que o acesso ao mundo
real começou a pifar.
A crescente desordem é retratada com cuidado pelo diretor Otávio Muller. O olhar
respeitoso para a protagonista é recriado como rima na direção de arte de Bia Lessa.
Uma cortina de fios parece
chover sobre o cenário,
criando corredores e cômodos estreitos por onde ela circula. Os objetos fazem pesar
o ar ali dentro. Entre eles, um
quadro da Santa Ceia sugere
parafernália moral e frisa que
sua memória pessoal é oprimida por herança cultural.
Na descida em espiral da
personagem, Débora Duarte
extrai nobreza mesmo ao elaborar sentimentos em onomatopeias infantis. "Pararatibum", canta, em marcha
debochada, até um copo que
apoia na parede, para discernir a novela no vizinho, como
se ansiasse ouvir um coração
do outro lado.
Brilhante, a atriz consegue
trazer à tona a tragédia de alguém que quis ser e nunca foi
e acaba por conjugar os adjetivos contraditórios do título
em apenas "adorável".
ADORÁVEL DESGRAÇADA
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às
21h, dom., às 18h; até 26/9
ONDE Teatro Cultura Artística (av.
Presidente. Juscelino Kubitschek,
1.830, tel. 0/xx/11/3258-3344)
QUANTO de R$ 60 a R$ 70
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ótimo
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