São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 2002

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MÚSICA

Orquestra Sinfônica do Estado de SP, regida por John Neschling e Roberto Minczuk, realiza 20 concertos nos EUA

Osesp começa sua "batalha internacional"

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo começa na noite de amanhã, nos EUA, uma turnê internacional que seu diretor e maestro titular, John Neschling, descreve como "um ato de bandeirantes". "Estamos prontos para a batalha", disse ele à Folha em conversa por telefone, de Los Angeles.
"Tudo vai bem; os músicos estão ansiosos, mas também imensamente entusiasmados", fala Neschling, que acompanha um grupo de 138 pessoas -das quais 108 são instrumentistas- em evento visto pela entidade, pelo maestro e por parte dos fãs da Osesp como um marco para a música erudita no Brasil.
Assim, a palavra "bandeirante" retorna em sua fala: "Estamos no papel de desbravadores", diz ele. A tarefa é então chegar a um território desconhecido, virgem. Ao menos para as orquestras nacionais.
A Osesp inicia suas apresentações na Califórnia e depois parte em viagem por Nova York, Miami, Orlando e Atlanta, totalizando 18 cidades norte-americanas e 20 concertos. Nunca antes uma orquestra brasileira tinha passado pela mesma experiência.
Mas o que Neschling procura ressaltar é ainda o caráter profissional da turnê, que não acontece em razão de gentilezas diplomáticas entre governos, e, sim, por fatores comerciais. A Osesp cresce, a Osesp grava e a Osesp quer ser vista.

Europa
"Os ingressos para os concertos estão praticamente todos vendidos, e as salas em que nos apresentaremos são ótimas. Enfim, estamos sendo muito bem tratados aqui", diz Neschling. A turnê foi organizada por uma agência privada, a Cami (Columbia Artists Management Inc.), que pode contribuir para o esperado próximo passo para a Osesp: apresentações na Europa.
Este momento da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo marca os cinco anos de um projeto de reestruturação da entidade, nos quais o que se busca é a profissionalização e a excelência.
A idéia agora, depois da passagem pelos EUA, é intensificar esse processo e, por essa razão, um bom entendimento com o público e a crítica norte-americana parece ser essencial.
E eles assistirão à Osesp executando de Johannes Brahms a Heitor Villa-Lobos, passando por Marlos Nobre e Camargo Guarnieri.
Serão, ao final, 11 programas diferentes, e John Neschling dividirá a regência com Roberto Minczuk. Além disso, alguns solistas convidados estarão ao lado da Osesp nos Estados Unidos: os violonistas do Duo Assad, que se apresentam em 18 concertos, e a Banda Mantiqueira, em outros dois.
Haverá clássicos, nacionais e europeus, mas também um pouco da música popular brasileira. "Estamos nas nossas primeiras horas aqui e sabemos o quanto essa turnê é importante para a Osesp e também para a música erudita no Brasil", fala John Neschling. "Isso cria uma grande excitação. Ao menos por enquanto, tudo está ótimo, e estamos prontos para começar essa briga."


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