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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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MÚSICA/LANÇAMENTOS

ROCK

Grupo escocês lança no Brasil "Dear Catastrophe Waitress", seu sexto álbum

Belle & Sebastian volta à cena imenso e orquestrado

Divulgação
A banda escocesa Belle & Sebastian, que lança seu sexto álbum, "Dear Catastrophe Waitress"


THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

O tempo em que a aversão a entrevistas e aparições em público cresciam proporcionalmente ao fervor de seus fãs ficou para trás. O Belle & Sebastian do presente quer ver e ser visto. E ser ouvido.
A mudança aparece logo de cara. Os antes tímidos integrantes do grupo escocês estão todos à mostra -coisa inédita- na capa do novo álbum, "Dear Catastrophe Waitress", que a gravadora Trama coloca nas lojas brasileiras na semana que vem.
Para lançar o disco nos EUA, a banda escolheu como sede o Yankee Stadium. Detalhe: a entrevista coletiva aconteceu durante um jogo do New York Yankees, maior potência do beisebol americano.
E a música também não é mais a mesma. Os arranjos, que pediam ao ouvinte uma especial atenção aos detalhes que surgiam como sussurros, agora chegam imensos (para os padrões B&S), orquestrados. Culpa disso é de Trevor Horn, músico que trabalhou com bandas como Frank Goes to Hollywood ("Relax, don't do it...", hit dos anos 80), Pet Shop Boys e as pseudolésbicas Tatu.
Apesar das referências díspares, Horn guarda uma afinidade de fã com os escoceses.
"O encontro foi meio por acaso. Estávamos tocando no [festival americano] Coachella, e uma garota que trabalhava lá e é governanta da casa de Trevor nos contou que ele e sua filha gostavam de Belle & Sebastian", disse à Folha, por telefone, Mick Cooke, 28, trompetista do grupo. "Ela pegou nosso telefone e repassou para Trevor. Um tempo depois ele nos ligou dizendo que queria produzir um disco nosso. Achamos que poderia fazer sentido."
Cooke cita onde a mão de Horn é mais notada: "Acho que o modo que ele trabalha os vocais. Nunca demos muita atenção a isso. Ele realmente concentrou seu trabalho ali. Stuart [Murdoch, o vocalista] chegava a gravar mais de 20 vezes algumas passagens de vocais, até que pudéssemos ter várias opções boas para escolher".
Essa "ampliação" da música do B&S respingou também na versão ao vivo do grupo. Em julho, a banda fez miniexcursão pelos EUA em imensos lugares ao ar livre, como o Greek Theatre, em Los Angeles, visto por público médio de 8.000 pessoas. No domingo, em Atlanta, reengatam a turnê americana.
"Fazemos shows grandes nos EUA, mas para os padrões de lá ainda não somos considerados mainstream. Nunca tivemos muita mídia, sempre aconteceu mais no boca-a-boca. Nunca fomos hypados, nunca pertencemos a nenhuma cena", afirma Cooke.
Formado em Glasgow em 1995 por alguns amigos de universidade, o Belle and Sebastian logo tornou-se fenômeno do indie rock britânico. O primeiro álbum, "Tigermilk", que ganhou tiragem de apenas mil cópias, em vinil, virou item de colecionador (depois foi relançado em CD). Depois vieram "If You're Feeling Sinister" (96) e "The Boy with the Arab Strap" (98), que pavimentaram o caminho estelar da banda.
Em 2001, como principal atração do extinto Free Jazz, o B&S fez esgotar os 4.000 ingressos para seu show em São Paulo em dois dias. A banda não sabia, à época, de sua popularidade no Brasil. Agora sabe. "Aquele show foi muito bom; o público era dos mais animados que eu já vi. Foi um dos pontos altos da nossa turnê", derrete-se Cooke.


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