São Paulo, sábado, 24 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA
Ministério da Cultura vai submeter o longa de Walter Salles à academia, que divulga os candidatos ao prêmio em fevereiro
Brasil leva 'Central' para disputar o Oscar

da Sucursal de Brasília

O filme "Central do Brasil", do diretor Walter Salles, foi escolhido ontem por uma comissão do Ministério da Cultura para disputar uma das cinco indicações ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 98.
"É um filme que tem as qualidades para disputar e ser o vencedor do Oscar, como prova sua trajetória em festivais e no mercado internacional", disse o cineasta Nelson Pereira dos Santos resumindo o pensamento da comissão. A escolha foi por unanimidade.
Ao todo, 73 países que produzem filmes não falados em inglês escolheram ontem os seus representantes e encaminharam as indicações à Academia de Artes e Ciências de Hollywood. A comissão da academia escolhe cinco finalistas.
A lista de todos os indicados ao Oscar de 98 será anunciada no dia 9 de fevereiro. A entrega dos prêmios está marcada para dia 21 de março, em Los Angeles.
"Central do Brasil" ganhou o título de "Central Station" nos EUA e estourou no circuito internacional com o prêmio máximo do festival de Berlim (Urso de Ouro). O mesmo festival deu a Fernanda Montenegro o prêmio de melhor atriz (Urso de Prata).
No próximo mês vai ser lançado em 20 cidades americanas. O filme traz a história de Dora, que escreve cartas para analfabetos na estação ferroviária do Rio.
Uma de sua clientes, Ana, acaba morta por atropelamento e Dora assume o filho dela, Josué, que sonha em encontrar o pai que nunca conheceu. A contragosto, Dora aceita viajar para o Nordeste à procura do pai do menino.
"A história é humana, comovente, leva emoção à platéia e traça, ao mesmo tempo, um painel dos problemas brasileiros. Como Walter Salles equilibra bem o sentimentalismo e o lado folclórico, o filme tem grandes chances de ganhar o Oscar", disse Rubens Ewald Filho, crítico de cinema e membro da comissão do Ministério da Cultura.
Na opinião de Ewald Filho, o jogo cinematográfico envolvendo a figura de uma criança e um adulto tem um bom apelo junto ao público e às comissões de seleção.
² Comissão e regras
Além de Ewald Filho, formaram a comissão os cineastas Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Ruy Solberg, Roberto Faria, Bruno Barreto e Hector Babenco.
Em 95 foi indicado "O Quatrilho". Em 96, "Tieta". No ano passado, "O Que É Isso, Companheiro?". "O Quatrilho" e "O Que É Isso, Companheiro?" não ganharam o Oscar de melhor filme estrangeiro, mas estiveram entre os cinco finalistas.
Seis filmes se inscreveram para a escolha deste ano: "Central do Brasil" (Walter Salles), "Ação entre Amigos" ( Beto Brant), "Bocage, o Triunfo do Amor" (Djalma Batista), "For All, o Trampolim da Vitória" (Luis Carlos Lacerda), "O Noviço Rebelde" (Renato Aragão) e "Boleiros" Hugo Georgetti).
A pré-seleção pelo Ministério da Cultura é uma imposição da academia. Pelas regras do Oscar, podem candidatar-se as produções estrangeiras lançadas entre 1º de novembro de 1997 e 31 de outubro de 1998.
Os filmes inscrevem-se nos órgãos que coordenam a política cinematográfica dos seus países e uma comissão escolhe um único longa e indica-o à academia.
Esses órgãos -no caso do Brasil é o Ministério-servem apenas de intermediários no processo e não se intrometem na decisão da comissão.
De outubro de 97 até ontem foram lançados no Brasil 18 longas. Até o próximo dia 31, outros três filmes devem ser lançados ("Amor & Cia", de Helvécio Ratton, "O Alô", de Mara Mourão, e "O Toque do Oboé", de Cláudio Mac'Dowell).



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.