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CINEMA
Ministério da Cultura vai submeter o longa de Walter Salles à academia, que divulga os candidatos ao prêmio em fevereiro
Brasil leva 'Central' para disputar o Oscar
da Sucursal de Brasília
O filme "Central do Brasil", do
diretor Walter Salles, foi escolhido
ontem por uma comissão do Ministério da Cultura para disputar
uma das cinco indicações ao Oscar
de melhor filme estrangeiro de 98.
"É um filme que tem as qualidades para disputar e ser o vencedor
do Oscar, como prova sua trajetória em festivais e no mercado internacional", disse o cineasta Nelson
Pereira dos Santos resumindo o
pensamento da comissão. A escolha foi por unanimidade.
Ao todo, 73 países que produzem
filmes não falados em inglês escolheram ontem os seus representantes e encaminharam as indicações à Academia de Artes e Ciências de Hollywood. A comissão da
academia escolhe cinco finalistas.
A lista de todos os indicados ao
Oscar de 98 será anunciada no dia
9 de fevereiro. A entrega dos prêmios está marcada para dia 21 de
março, em Los Angeles.
"Central do Brasil" ganhou o título de "Central Station" nos EUA
e estourou no circuito internacional com o prêmio máximo do festival de Berlim (Urso de Ouro). O
mesmo festival deu a Fernanda
Montenegro o prêmio de melhor
atriz (Urso de Prata).
No próximo mês vai ser lançado
em 20 cidades americanas. O filme
traz a história de Dora, que escreve
cartas para analfabetos na estação
ferroviária do Rio.
Uma de sua clientes, Ana, acaba
morta por atropelamento e Dora
assume o filho dela, Josué, que sonha em encontrar o pai que nunca
conheceu. A contragosto, Dora
aceita viajar para o Nordeste à procura do pai do menino.
"A história é humana, comovente, leva emoção à platéia e traça, ao
mesmo tempo, um painel dos problemas brasileiros. Como Walter
Salles equilibra bem o sentimentalismo e o lado folclórico, o filme
tem grandes chances de ganhar o
Oscar", disse Rubens Ewald Filho,
crítico de cinema e membro da comissão do Ministério da Cultura.
Na opinião de Ewald Filho, o jogo cinematográfico envolvendo a
figura de uma criança e um adulto
tem um bom apelo junto ao público e às comissões de seleção.
²
Comissão e regras
Além de Ewald Filho, formaram
a comissão os cineastas Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues,
Ruy Solberg, Roberto Faria, Bruno
Barreto e Hector Babenco.
Em 95 foi indicado "O Quatrilho". Em 96, "Tieta". No ano passado, "O Que É Isso, Companheiro?". "O Quatrilho" e "O Que É Isso, Companheiro?" não ganharam
o Oscar de melhor filme estrangeiro, mas estiveram entre os cinco finalistas.
Seis filmes se inscreveram para a
escolha deste ano: "Central do Brasil" (Walter Salles), "Ação entre
Amigos" ( Beto Brant), "Bocage, o
Triunfo do Amor" (Djalma Batista), "For All, o Trampolim da Vitória" (Luis Carlos Lacerda), "O Noviço Rebelde" (Renato Aragão) e
"Boleiros" Hugo Georgetti).
A pré-seleção pelo Ministério da
Cultura é uma imposição da academia. Pelas regras do Oscar, podem candidatar-se as produções
estrangeiras lançadas entre 1º de
novembro de 1997 e 31 de outubro
de 1998.
Os filmes inscrevem-se nos órgãos que coordenam a política cinematográfica dos seus países e
uma comissão escolhe um único
longa e indica-o à academia.
Esses órgãos -no caso do Brasil
é o Ministério-servem apenas de
intermediários no processo e não
se intrometem na decisão da comissão.
De outubro de 97 até ontem foram lançados no Brasil 18 longas.
Até o próximo dia 31, outros três
filmes devem ser lançados ("Amor
& Cia", de Helvécio Ratton, "O
Alô", de Mara Mourão, e "O Toque
do Oboé", de Cláudio Mac'Dowell).
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