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CRÍTICA
Longa é bom, mas não leve as crianças
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
Criticar o mais novo episódio da cinessérie baseada nos
livros de Harry Potter no dia de
sua pré-estréia no Brasil, depois
que todos os meios de informação
(este inclusive) e de semi-informação (blogs de fãs, em geral) já
bombardearam seus consumidores com fatos e análises de todos
os aspectos possíveis de cada vírgula e til é escrever sobre Nova
York para o turista que nunca foi
lá: tudo já foi dito, antes e melhor.
Ainda assim, há novidades.
A de "Harry Potter e o Cálice de
Fogo" é a seguinte: não leve as
crianças abaixo de 12 anos, nem
acompanhadas (elas) nem amarrado (você). Eu fiz essa besteira.
Fui com meus dois sobrinhos, Pedro, 12, e Gabriel, 7. O primeiro
adorou; o segundo gostou, menos, mas saiu chocado, ficou pensativo e verteu uma única lagriminha que me dói até hoje.
Dos quatro filmes, este é o mais
violento e adulto. Há mãos decepadas, insinuações sexuais e a
morte gratuita de um personagem inocente. Há a tão esperada
"personificação" de Voldemort
(vivido com fúria por Ralph Fiennes, ainda que sem nariz), numa
cena em que os menorzinhos na
sala fechavam os olhos de pavor.
O deslumbrante universo de
magia com alguns sobressaltos
que embalava a série nos dois primeiros episódios começou a se
tornar mais sombrio no terceiro,
transformação que se completa
agora. É a entrada do bruxinho na
adolescência, um período sombrio e angustiante por definição.
Mas não sem seu lado engraçado,
inusitado e de novidades.
Pois assim pode ser definido "O
Cálice de Fogo": um filme adulto,
feito para adolescentes. Começam as competições na escola que
parecem ser de vida ou morte (no
caso de Hogwarts e do torneio tribruxo, são mesmo, com Potter
tendo de enfrentar um dragão,
um desafio no fundo do mar e um
labirinto de plantas móveis), os
primeiros flertes (entre Harry e
Cho Chang, Hermione e um atleta), as primeiras decepções amorosas (entre Hermione e Ron), as
amizades colocadas em risco.
Em geral, o britânico Mike Newell ("Quatro Casamentos e Um
Funeral") se sai bem na direção,
com um senão: ter passado literalmente voando pelo torneio de
quadribol no começo ("Acabou o
dinheiro", diria Newell depois,
mesmo com um orçamento de
US$ 140 milhões).
De resto, na comparação com
os outros filmes, fico com a de Pedro: "O primeiro era para os fãs, o
segundo era para os críticos, o terceiro era para os dois, e o quarto,
bom, o quarto eu vou pensar, tio".
Completo para ele: o terceiro, dirigido por Alfonso Cuaron, permanece insuperável, mas o de hoje fica atrás por pouco.
Harry Potter e o Cálice de Fogo
Harry Potter and the Goblet of Fire
Direção: Mike Newell
Produção: EUA, 2005
Quando: pré-estréias hoje, às 23h50, na
Rede Cinemark, e às 24h, no Kinoplex
Itaim; estréia amanhã em circuito
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