São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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Crítica

"Cheiro do Ralo" vai da contenção à hipérbole

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O que mais me impressiona em "O Cheiro do Ralo" (Canal Brasil, 22h; não indicado para menores de 16 anos) é o fato de ter impressionado tão vivamente uma quantidade não desprezível de espectadores.
Em parte, foi um reconhecimento à evolução de Heitor Dhalia, cujo filme anterior, "Nina", foi um equívoco.
Ao mesmo tempo é um reencontro com uma tendência brasileira ao expressionístico. Desde a história do sujeito de cujo ralo exala um cheiro intratável até a interpretação de Selton Mello, tudo é marcado pela idéia de hipérbole. Ao mesmo tempo o filme aponta num sentido inverso: o da contenção.
É como se essa contradição paralisasse o filme, impedindo que tome qualquer partido -o da contenção ou do excesso, o da história narrada ou do minimalismo- e, com isso, centrando todo o seu interesse na performance de Selton Mellon (e não em seu personagem).
Esse tipo de impasse é que permite, no entanto, esperar mais dos próximos trabalhos do realizador.


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