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Feira em NY não tem grandes vendas
Na terceira edição da Pinta, voltada a latino-americanos, houve aumento de preços, mas compras modestas
SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
No distrito das galerias do
Chelsea, uma fila se estendia
por mais de um quarteirão. Era
gente querendo entrar numa liquidação da Gucci. Na porta ao
lado, a Pinta, feira de arte latino-americana, provocou um
surto parecido.
Acabaram entortadas algumas esculturas na corrida pelas
melhores obras no evento encerrado anteontem, em Nova
York. Trabalhos de arte cinética também conheceram outro
tipo de movimento, sinal físico
de que esse mercado ferve.
Dias antes da terceira edição
da Pinta, feira que se consolida
aos poucos no mercado global,
obras de latino-americanos bateram recordes nos leilões da
Christie's e da Sotheby's -que
vendeu um trabalho de Sergio
Camargo por US$ 1,3 milhão
(cerca de R$ 2,2 milhões).
As formas roliças nos quadros do colombiano Fernando
Botero, aliás, são espécie de
prenúncio de uma bolha até
agora inédita nesse mercado.
Se na Sotheby's um Botero chegou a valer US$ 752 mil (R$ 1,3
milhão), um "Bicho", de Lygia
Clark, custava US$ 850 mil
(quase R$ 1,5 milhão) na Pinta.
Noutro sinal de que latinos
entraram na butique do circuito global, até cédulas de zero
dólar e moedas de zero cruzeiro
de Cildo Meireles foram vendidas como joias, em caixinhas de
veludo, a US$ 2.500.
Seguindo a expansão do mercado, a Pinta já anunciou uma
edição europeia para junho do
ano que vem, em Londres.
Mas é uma febre, em parte,
de fachada. Enquanto preços
sobem, colecionadores e museus ainda saem da recessão
com passos tímidos. "Não tem
comprador para obras mais caras", reclama Berenice Arvani,
dona de uma das sete galerias
brasileiras neste ano na Pinta.
Museu convidado pela feira
nesta edição, a Pinacoteca do
Estado comprou duas obras de
Hermelindo Fiaminghi, a US$
12 mil cada. Até a aquisição da
Tate Modern, de Londres, foi
modesta: obra do argentino
Horacio Zabala, a US$ 30 mil.
Ficaram nas prateleiras o
"Bicho" de Clark e até um "Metaesquema", de Hélio Oiticica,
inflacionado para US$ 270 mil
(quase R$ 470 mil) depois do
incêndio que atingiu o acervo
do artista no Rio, em outubro.
Entre surtos de alguns preços e grande oferta de obras baratas, os organizadores não esperavam ultrapassar o volume
de negócios atingido em 2008,
quando venderam US$ 4 milhões. Diego Costa Peuser, um
dos diretores da Pinta, diz que
"não houve vendas de obras tão
caras". Passaram pela feira colecionadores como José Olympio, Alfredo Setubal e Patricia
Cisneros.
O jornalista SILAS MARTÍ viajou a convite da
Pinta Art Fair.
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