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Desmond Llewelyn, o Q, foi o ator mais fiel da série
da Equipe de Articulistas
Q está morto. Não há sinais de
ação da Spectre no acidente de
carro que vitimou, no último domingo, aos 85 anos, seu intérprete, Desmond Llewelyn.
O mais fiel ator dos filmes de James Bond sai de cena sem ter respeitado seu último conselho a
007, em "O Mundo Não É o Bastante". Não preparara uma saída
de emergência.
Assistimos (oficialmente) a cinco Bond, incontáveis M, mas houve apenas um Q. Todos os intérpretes de 007 com os quais contracenou (Sean Connery, George
Lazenby, Roger Moore, Timothy
Dalton e Pierce Brosnan) confirmaram participação para uma cerimônia póstuma em homenagem a Desmond Llewelyn no próximo dia 1º.
Llewelyn participou de 17 dos 19
filmes oficiais da mais rentável série da história do cinema. Sua estréia deu-se logo no segundo filme, "Moscou contra 007" (1963),
ao lado de Sean Connery.
Q deixou de prover Bond com
seu arsenal hi-tech de gadgets
apenas em
"007 contra o
Satânico Dr.
No" (1962) e
em "007 - Viva
e Deixe Morrer" (1973).
A possível
aposentadoria
de Llewelyn virou notícias
ainda antes do
lançamento
"007 - O Mundo Não É o
Bastante". Foi
desmentida,
mas o próprio
filme parecia
dar razões aos
boatos.
Pela primeira vez, Q apresentava um ajudante, logo apelidado
por Bond de R. John Cleese o interpretou em chave cômica, em
tudo contrastante com a séria elegância de seu patrão. Na última
cena de Llewelyn ao lado de Bond
(Pierce Brosnan), ele dá dois conselhos sobre retirada -e graciosamente some, baixando num
elevador.
Aposentadoria anunciada
Desmond Llewelyn morreu a
caminho de casa, em East Sussex,
ao sul de Londres, depois de uma
tarde de autógrafos de sua recém-lançada autobiografia, "Q, the
Authorized Biography of Desmond Llewelyn" (SP Publications, 160 págs., cerca de R$ 39),
escrita ao lado de Sandy Hernu e
prefaciada por
Pierce Brosnan.
Llewelyn
acabara também de gravar
uma série de
entrevistas sobre sua carreira ao lado de
Bond. O documentário em
duas partes, "A
Life of Q", produzido por
Andy Brice, vai
estrear na TV
britânica nos
próximos dias
4 e 11 de janeiro.
O teatro foi a primeira paixão de
Llewelyn, que entrou em 1930 na
Royal Academy for Dramatic
Arts. Sua estréia nas telas aconteceu em 1939, na comédia "Ask a
Policeman", de Will Hay.
Sua carreira foi interrompida
pela convocação para servir no
exército britânico durante a Segunda Guerra. Llewelyn chegou a
ser preso na França sob domínio
alemão. Foi encarcerado por cinco anos e passou até por uma solitária ao ser flagrado cavando um
túnel para fugir.
Sua longa filmografia inclui
uma participação não creditada
no colossal "Cleópatra", de Mankiewicz, e um papel na comédia
"Chitty Chitty, Bang Bang"
(1968). Mas foi mesmo como Q
que escreveu seu nome na história do cinema.
"Preste atenção, Bond" tornou-se seu jargão predileto. Uma caneta-granada de "GoldenEye"
(1995) era a favorita dentre as invenções que ofertou a 007.
Não que Llewelyn se sentisse à
vontade com elas. "Na vida real
sou alérgico a "gadgets'", afirmara
recentemente. "Eles simplesmente não funcionam comigo, nem
mesmo esses cartões de plástico
para portas de hotel."
Llewelyn acabara de rodar seu
primeiro filme em 20 anos fora da
série 007. No ainda inédito "Error
2000", finalmente chegara sua vez
de salvar o mundo. No último
fim-de-semana, o mundo não foi
o bastante para salvá-lo.
(AL)
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