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Dual Disc testará convergência
DA REPORTAGEM LOCAL
A incerteza causada pelo surgimento acelerado de novos formatos de vender música prevaleceu
em 2004, dando-lhe feição transitória, híbrida, ambígua. Executivos ouvidos pela Folha afirmam
que a indústria deve encarar em
2005 a necessidade de fazer convergir modelos hoje quase sempre divergentes, como os de CD,
DVD de vídeo, DVD de áudio, Super Audio CD etc.
"O futuro é multiformato",
aposta João Marcello Bôscoli, da
Trama, que, em 2004, acumulou
um elenco gigantesco de novos
artistas distribuindo suas músicas
gratuitamente no site Trama Virtual. "O DVD conquistou espaço
de modo perigoso, se enxergarmos o DVD de vídeo como substituto do CD teremos um problemaço nas mãos", afirma, opinando que pela lógica o DVD de vídeo
deveria substituir a fita VHS e o
DVD de áudio, o CD.
"A convergência desses formatos todos é fundamental. O mesmo aparelho, em casa ou no carro, deveria tocar CD, DVD, Super
Audio CD etc. Eu me assusto
quando vejo na revista "Billboard"
discussões sobre qual será o substituto do DVD", completa.
Indo em direção parecida, José
Antonio Eboli, da Universal,
aponta para a chegada próxima
de um formato de convergência.
Trata-se do Dual Disc, que traria
num verso o CD e no outro o
DVD correspondente.
Se confirmado, será passo ousado de uma indústria como a brasileira, que tem lucrado com a repetição de seus produtos nos dois
formatos -fãs de um artista têm
tido que consumi-lo duplamente,
adquirindo seus CDs de áudio e
os correspondentes DVDs.
Eboli ataca um ponto tabu nas
grandes gravadoras de hoje: o esgotamento artístico que esse formato de redundâncias tem trazido ao elenco musical brasileiro.
"A indústria usa e abusa do formato ao vivo, e isso pouco a pouco vai matando seu mercado, que
assim deixa de investir no novo."
Ele diz que a Universal pretende
testar soluções para esse problema já no início do ano, com os novos e inéditos álbuns de Kid Abelha e Zeca Pagodinho. Quase ao
mesmo tempo que os CDs, serão
lançados DVDs de shows inéditos, com músicas novas e gravados especialmente para se tornarem a versão em DVD dos discos
inéditos desses artistas.
Liber Gadelha, da Indie, manifesta crença no modelo desgastado, mas dá pista de também começar a pensar em outra direção.
"O DVD do Fundo de Quintal que
lançamos é irretocável artisticamente. Não se limita a reproduzir
o show, acaba contando a própria
história do samba."
Por fim, a indústria dos down-
loads, que até hoje não emplacou
no Brasil, deve receber aporte em
2005. A Universal, que resistia a
colocar seu gigantesco catálogo à
venda em sites, deve sucumbir em
abril ou maio, segundo Eboli. "A
gente nota que o download não
prejudica a venda de CDs. Ele revitaliza a indústria, o mercado físico [de discos] respira e respira
bem", descobre.
(PAS)
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