São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

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Dual Disc testará convergência

DA REPORTAGEM LOCAL

A incerteza causada pelo surgimento acelerado de novos formatos de vender música prevaleceu em 2004, dando-lhe feição transitória, híbrida, ambígua. Executivos ouvidos pela Folha afirmam que a indústria deve encarar em 2005 a necessidade de fazer convergir modelos hoje quase sempre divergentes, como os de CD, DVD de vídeo, DVD de áudio, Super Audio CD etc.
"O futuro é multiformato", aposta João Marcello Bôscoli, da Trama, que, em 2004, acumulou um elenco gigantesco de novos artistas distribuindo suas músicas gratuitamente no site Trama Virtual. "O DVD conquistou espaço de modo perigoso, se enxergarmos o DVD de vídeo como substituto do CD teremos um problemaço nas mãos", afirma, opinando que pela lógica o DVD de vídeo deveria substituir a fita VHS e o DVD de áudio, o CD.
"A convergência desses formatos todos é fundamental. O mesmo aparelho, em casa ou no carro, deveria tocar CD, DVD, Super Audio CD etc. Eu me assusto quando vejo na revista "Billboard" discussões sobre qual será o substituto do DVD", completa.
Indo em direção parecida, José Antonio Eboli, da Universal, aponta para a chegada próxima de um formato de convergência. Trata-se do Dual Disc, que traria num verso o CD e no outro o DVD correspondente.
Se confirmado, será passo ousado de uma indústria como a brasileira, que tem lucrado com a repetição de seus produtos nos dois formatos -fãs de um artista têm tido que consumi-lo duplamente, adquirindo seus CDs de áudio e os correspondentes DVDs.
Eboli ataca um ponto tabu nas grandes gravadoras de hoje: o esgotamento artístico que esse formato de redundâncias tem trazido ao elenco musical brasileiro. "A indústria usa e abusa do formato ao vivo, e isso pouco a pouco vai matando seu mercado, que assim deixa de investir no novo."
Ele diz que a Universal pretende testar soluções para esse problema já no início do ano, com os novos e inéditos álbuns de Kid Abelha e Zeca Pagodinho. Quase ao mesmo tempo que os CDs, serão lançados DVDs de shows inéditos, com músicas novas e gravados especialmente para se tornarem a versão em DVD dos discos inéditos desses artistas.
Liber Gadelha, da Indie, manifesta crença no modelo desgastado, mas dá pista de também começar a pensar em outra direção. "O DVD do Fundo de Quintal que lançamos é irretocável artisticamente. Não se limita a reproduzir o show, acaba contando a própria história do samba."
Por fim, a indústria dos down- loads, que até hoje não emplacou no Brasil, deve receber aporte em 2005. A Universal, que resistia a colocar seu gigantesco catálogo à venda em sites, deve sucumbir em abril ou maio, segundo Eboli. "A gente nota que o download não prejudica a venda de CDs. Ele revitaliza a indústria, o mercado físico [de discos] respira e respira bem", descobre. (PAS)


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