São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 2006

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Crítica/"Em Busca do Cálice Sagrado"

Extras amplificam besteirol do clássico do Monty Python

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Os Cavaleiros que Dizem Ni falam japonês e o dia-a-dia na festiva Távola Redonda é recriado com bonecos de Lego na "edição extraordinariamente de luxo" de "Em Busca do Cálice Sagrado" (1975), besteirol antológico que tornou o grupo inglês Monty Python popular também fora do Reino Unido e dos EUA.
O filme já havia sido lançado em DVD no Brasil, mas apenas com trailers entre os extras.
Agora, ele é que se tornou quase um apêndice da vasta seleção de atrações especiais reunidas para celebrar o já consolidado status "cult" dessa paródia sobre o rei Arthur, a corte de Camelot e o Santo Graal.
Na temporada em que "O Código Da Vinci" foi um êxito de bilheteria ao levar a sério a busca pelo que seria -com variações que incomodaram setores da Igreja Católica- o cálice sagrado, fica ainda mais divertido lembrar como o tema já havia sido transformado em pó pelo humor iconoclasta do Monty Python.
A gozação começa com Arthur (Graham Chapman), rei dos bretões, recrutando cavaleiros para a corte de Camelot. Sua jornada o reunirá a Sir Lancelot (John Cleese), Sir Robin (Eric Idle) e Sir Bedevere (Terry Jones), entre outros atrapalhados cavaleiros, e o levará a enfrentar os franceses, um coelho mortífero e diversos percalços.

Documentários
Cada um dos seis integrantes do grupo -os demais são Terry Gilliam, que divide a direção com Jones, e Michael Palin- interpreta vários papéis.
O sexteto assina o roteiro, cuja estrutura se assemelha a quadros de humor que se sucedem como nos programas de TV que revelaram o grupo no final dos anos 60. As circunstâncias de realização de "Em Busca do Cálice Sagrado" são exploradas, em especial, por dois documentários incluídos no disco de extras: um programa da BBC transmitido em 19 de dezembro de 1974, com entrevistas feitas durante as filmagens, e um retorno de parte da equipe aos cenários, 25 anos depois.
O pacote "sério" traz ainda algo que o tempo se encarregou de também deixar engraçado: a crítica dedicada ao filme pelo boletim de maio de 1975 do British Film Institute, peça de humor involuntário (e um tanto britânico, no mau sentido) que sintetiza como o Monty Python, hoje "clássico", navegava contra a corrente. Muito mais volumoso, no entanto, é o material extra que procura se integrar ao tom de paródia de "Em Busca do Cálice Sagrado", sem alcançar o tempo todo o mesmo resultado.
Os números musicais são isolados em videoclipes com legendas para "cantar junto", por exemplo, e um quiz oferece testes de conhecimentos com diferentes graus de dificuldade.
Entre as principais curiosidades, o "storyboard" (desenho prévio de seqüências) de cenas que não chegaram a ser filmadas, como a da luta contra uma lesma gigante.
E, claro, a dublagem em japonês para as cenas da chegada ao castelo sob domínio francês, no início, e a dos Cavaleiros que Dizem Ni. Parece coisa do Monty Python, mas não é.


EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO     
Direção:
Terry Gilliam, Terry Jones
Distribuidora: Sony
Quanto: R$ 33,90, em média


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