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"TERRA DE NINGUÉM"
Como é tragicômica a humanidade...
DA REDAÇÃO
O soldado bósnio corre das
balas sérvias vestindo uma
camiseta com a língua de Andy
Warhol. O ano é o de 1993, na então Iugoslávia cindida pela Guerra da Bósnia (1992-1995).
O logo dos Stones na roupa do
soldado Chiki nos mostra a que
veio Danis Tanovic, 32, o diretor
bósnio de "Terra de Ninguém",
vencedor do Globo de Ouro de
melhor filme estrangeiro.
O filme não é um tratado sobre
mocinhos e bandidos do enfrentamento, mas uma crítica à indiferença do Ocidente em relação à
tensão nos Bálcãs. Crítica que poderia surgir na forma de drama
panfletário, mas que vem como
uma divertida tragicomédia sobre
reações e relações humanas dentro de um conflito desse porte.
Chiki e Cera são combatentes
bósnios que se perdem no território não-ocupado entre as duas linhas de ataque vigiadas pelas Nações Unidas. Fugindo de um ataque, abrigam-se em uma trincheira abandonada junto com um soldado inimigo novato, Nino, que é
enviado para matá-los, mas que
não sabe sequer segurar um fuzil.
Cera, por sua vez, está deitado
sobre uma bomba de fragmentação, qualquer movimento seu pode jogar tudo para os ares. O dilema transforma a trincheira num
microcosmo da guerra. Reduzida
a isso, os argumentos que sustentam o conflito viram brincadeira
de moleque. Um acusa: "Foram
vocês que começaram", o outro
responde: "Não, foram vocês" etc.
Um sargento francês, inquieto
por ser apenas um observador
neutro na guerra, decide ajudar o
soldado deitado sobre a bomba,
contra ordem de seus superiores.
A ação se passa num belo dia de
verão. Quase não há música, só o
som do vento, das moscas, dos
pés batendo nas pedras. Romântico, Tanovic tenta contrapor um
cenário idílico aos horrores da
ação humana. O que acaba mostrando, porém, é que a estupidez
da guerra se encaixa perfeitamente no quadro da natureza.
(SYLVIA COLOMBO)
Terra de Ninguém
No Man's Land
Direção: Danis Tanovic
Produção: Bélgica/Bósnia/ França/
Itália/Eslovênia/Reino Unido, 2001
Com: Branko Djuric, Rene Bitorajac
Quando: a partir de hoje no Belas Artes,
Cinearte e circuito
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