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Mirren e Whitaker devem levar os prêmios de atuação
Eddie Murphy e Jennifer Hudson, ambos no elenco do musical "Dreamgirls", são os favoritos entre coadjuvantes
Com "Babel", "Infiltrados" e "Pequena Miss Sunshine" no páreo, categoria melhor filme é exceção em ano que promete poucas surpresas
DO ENVIADO A LOS ANGELES
Em janeiro do ano passado,
um pouco antes do Oscar 2006,
a revista "Entertainment
Weekly", semanal que cobre o
lado pop da indústria do entretenimento norte-americana,
resolveu "ousar": faria as suas
previsões sobre os indicados à
categoria de melhor filme
-não a daquele ano, mas a da
cerimônia de 2007.
Deu "O Segredo de Berlim", a
homenagem de Steven Soderbergh à época de ouro de Hollywood, ainda inédito no Brasil;
"Mais Estranho que a Ficção",
atualmente em cartaz; "O Bom
Pastor", segunda tentativa de
direção de Robert De Niro, que
chega em março, e "Os Infiltrados". "Um acerto em quatro
não é tão ruim assim, certo?",
brincou a publicação, em sua
edição mais recente. Errado.
Ainda assim, a "EW" ouve
críticos de diversas tendências
e faz suas previsões para a noite
de hoje -com direito a porcentagem. Nas categorias de atuação, dá Forest Whitaker (30%)
e Helen Mirren (40%) nas principais e Eddie Murphy (35%) e
Jennifer Hudson (30%) nas
coadjuvantes. Se os críticos estiverem certos, será a primeira
vez que três negros e uma britânica conquistarão esses prêmios numa mesma cerimônia.
Eles correm o risco de acertar. O que deve tirar parte da
graça do Oscar é a falta de surpresas. Com exceção da categoria de melhor filme, em que "Os
Infiltrados" e "Babel" disputam
cabeça a cabeça e "Pequena
Miss Sunshine" pode surpreender, o resto deve correr
mais ou menos dentro do esperado.
Direção ficará com Martin
Scorsese, eterno desprezado,
que não concorre com seu melhor filme. Se não ficar, é o caso
de convocar os sem-teto, os mímicos e as prostitutas que tomam a calçada do Kodak Theatre em noites regulares e partir
para o braço.
Previsibilidade
Mas o bocejo garantido está
mesmo com as categorias de
atuação. Parte da culpa da previsibilidade é a profusão de prêmios que a comunidade cinematográfica se inventou nos últimos anos, todos considerados
"prévias do Oscar". São tantas
entradas que o prato principal
perde o fator surpresa.
Assim, por sua interpretação
do ditador ugandense Idi
Amim, Forest Whitaker já levou o Globo de Ouro, o prêmio
da Screen Actors Guild, o da Associação de Críticos de Los Angeles, entre outros.
Mesma avalanche rendeu a
versão que Helen Mirren dá à
rainha Elizabeth 2ª durante o
episódio da morte da princesa
Diana -foram 24 prêmios até a
conclusão dessa edição.
Já os dois coadjuvantes disparam nas previsões não só pelo excesso de prêmios prévios,
mas pela conotação de "segunda chance" que suas indicações
ganharam. Jennifer Hudson
(leia entrevista nesta página)
foi preterida no "American
Idol", um programa de calouros na TV que consegue levar
mais americanos a votar do que
as eleições presidenciais.
E, até conseguir o papel do
cantor James "Thunder" Early
no mesmo "Dreamgirls" em
que Hudson trabalha, Eddie
Murphy tinha virado uma piada no meio artístico. Rei das bilheterias, alterna sua carreira
entre refilmagens ("Dr. Dolittle"), vozes em animações (o
burro de "Shrek") e filmes em
que se veste de mulher obesa
("O Professor Aloprado"). Ou
continuações.
"Dreamgirls" não é nada disso. Mas parece ser a exceção,
não a regra, nem uma virada na
carreira do comediante. Tanto
que acaba de estrear nos cinemas americanos "Norbit", comédia escrachada em que ele
interpreta vários papéis. Faturou US$ 65 milhões em duas
semanas, mais do que custou
para ser feito.
Analistas especularam se o
ator não adiaria a estréia de
"Norbit" para não atrapalhar
suas chances no Oscar. É notória a falta de entusiasmo da
maioria dos 5.830 votantes da
academia para com as comédias escrachadas. Murphy não
segurou, e a decisão pode ter
lhe custado a única chance real
de ganhar uma estatueta que
teve até agora. Menos mal.
Se isso acontecer, a cerimônia terá pelo menos uma surpresa.
(SÉRGIO DÁVILA)
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