São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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Mirren e Whitaker devem levar os prêmios de atuação

Eddie Murphy e Jennifer Hudson, ambos no elenco do musical "Dreamgirls", são os favoritos entre coadjuvantes

Com "Babel", "Infiltrados" e "Pequena Miss Sunshine" no páreo, categoria melhor filme é exceção em ano que promete poucas surpresas

DO ENVIADO A LOS ANGELES

Em janeiro do ano passado, um pouco antes do Oscar 2006, a revista "Entertainment Weekly", semanal que cobre o lado pop da indústria do entretenimento norte-americana, resolveu "ousar": faria as suas previsões sobre os indicados à categoria de melhor filme -não a daquele ano, mas a da cerimônia de 2007.
Deu "O Segredo de Berlim", a homenagem de Steven Soderbergh à época de ouro de Hollywood, ainda inédito no Brasil; "Mais Estranho que a Ficção", atualmente em cartaz; "O Bom Pastor", segunda tentativa de direção de Robert De Niro, que chega em março, e "Os Infiltrados". "Um acerto em quatro não é tão ruim assim, certo?", brincou a publicação, em sua edição mais recente. Errado.
Ainda assim, a "EW" ouve críticos de diversas tendências e faz suas previsões para a noite de hoje -com direito a porcentagem. Nas categorias de atuação, dá Forest Whitaker (30%) e Helen Mirren (40%) nas principais e Eddie Murphy (35%) e Jennifer Hudson (30%) nas coadjuvantes. Se os críticos estiverem certos, será a primeira vez que três negros e uma britânica conquistarão esses prêmios numa mesma cerimônia.
Eles correm o risco de acertar. O que deve tirar parte da graça do Oscar é a falta de surpresas. Com exceção da categoria de melhor filme, em que "Os Infiltrados" e "Babel" disputam cabeça a cabeça e "Pequena Miss Sunshine" pode surpreender, o resto deve correr mais ou menos dentro do esperado.
Direção ficará com Martin Scorsese, eterno desprezado, que não concorre com seu melhor filme. Se não ficar, é o caso de convocar os sem-teto, os mímicos e as prostitutas que tomam a calçada do Kodak Theatre em noites regulares e partir para o braço.

Previsibilidade
Mas o bocejo garantido está mesmo com as categorias de atuação. Parte da culpa da previsibilidade é a profusão de prêmios que a comunidade cinematográfica se inventou nos últimos anos, todos considerados "prévias do Oscar". São tantas entradas que o prato principal perde o fator surpresa.
Assim, por sua interpretação do ditador ugandense Idi Amim, Forest Whitaker já levou o Globo de Ouro, o prêmio da Screen Actors Guild, o da Associação de Críticos de Los Angeles, entre outros.
Mesma avalanche rendeu a versão que Helen Mirren dá à rainha Elizabeth 2ª durante o episódio da morte da princesa Diana -foram 24 prêmios até a conclusão dessa edição.
Já os dois coadjuvantes disparam nas previsões não só pelo excesso de prêmios prévios, mas pela conotação de "segunda chance" que suas indicações ganharam. Jennifer Hudson (leia entrevista nesta página) foi preterida no "American Idol", um programa de calouros na TV que consegue levar mais americanos a votar do que as eleições presidenciais.
E, até conseguir o papel do cantor James "Thunder" Early no mesmo "Dreamgirls" em que Hudson trabalha, Eddie Murphy tinha virado uma piada no meio artístico. Rei das bilheterias, alterna sua carreira entre refilmagens ("Dr. Dolittle"), vozes em animações (o burro de "Shrek") e filmes em que se veste de mulher obesa ("O Professor Aloprado"). Ou continuações.
"Dreamgirls" não é nada disso. Mas parece ser a exceção, não a regra, nem uma virada na carreira do comediante. Tanto que acaba de estrear nos cinemas americanos "Norbit", comédia escrachada em que ele interpreta vários papéis. Faturou US$ 65 milhões em duas semanas, mais do que custou para ser feito.
Analistas especularam se o ator não adiaria a estréia de "Norbit" para não atrapalhar suas chances no Oscar. É notória a falta de entusiasmo da maioria dos 5.830 votantes da academia para com as comédias escrachadas. Murphy não segurou, e a decisão pode ter lhe custado a única chance real de ganhar uma estatueta que teve até agora. Menos mal.
Se isso acontecer, a cerimônia terá pelo menos uma surpresa. (SÉRGIO DÁVILA)


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