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Livro revê atuação do Iphan em SP
"Patrimônio: 70 Anos em São Paulo" traz verbetes sobre 58 construções em 33 cidades do Estado
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um panorama crítico dos 70
anos de atuação do Iphan. Assim, Carlos Lemos, 83, um dos
principais historiadores de arquitetura e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, vê "Patrimônio: 70
Anos em São Paulo", livro que
acaba de ser lançado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional. A publicação também é assinada pelo arquiteto Victor Hugo Mori, superintendente do órgão em São
Paulo, e conta com organização
de Marise Campos de Souza e
Rossano Lopes Bastos.
Em 352 páginas, 58 construções tombadas pelo órgão federal em 33 cidades do Estado de
São Paulo ganham verbetes explicativos, que dão um panorama histórico sobre os espaços
-do conhecido Masp, em São
Paulo, ao Casarão do Chá, em
Mogi das Cruzes. Como introdução, Lemos assina um ensaio
a respeito da atividade do
Iphan nesses 70 anos, sem dispensar observações sobre figuras-chave como o urbanista Lucio Costa e o escritor Mário de
Andrade.
As ressalvas ao trabalho de
Costa vêm do seu pouco apreço
pela arquitetura eclética, que
eclodiu fortemente ao redor do
mundo durante o século 19,
misturando estilos. "Como estudante, ele abraçou o neocolonial. Depois, já com a influência
de Le Corbusier, criou uma
ideia da qual não se afastou
nunca - a brasilidade e a modernidade estavam na arquitetura colonial, que deriva da técnica construtiva", diz Lemos.
"Várias construções se perderam porque a noção de preservação de patrimônio nacional
não tinha a ver com o eclético,
universal no século 19."
Em 1976, Costa defendeu a
polêmica demolição do Palácio
Monroe, prédio inaugurado em
1906 no centro do Rio e que foi
sede do Senado Federal. "Não
há desculpas para defender um
ato como esse."
De Mário de Andrade, Lemos
condena o olhar pouco simpático ao patrimônio paulista dos
séculos 18 e 19. "Para ele, mais
importante era preservar o barroco de Minas e construções no
Nordeste", diz o arquiteto.
Educação
Lemos acredita que hoje há
mais mobilização na preservação da memória. "Há movimentos organizados. As escolas
de arquitetura estão consolidadas. Hoje, seria impossível demolir um edifício como o Santa
Helena [na Sé, em 1971, decorrente das obras do metrô]."
"Patrimônio: 70 Anos em São
Paulo" não será vendido. O
Iphan distribuirá mil exemplares a escolas e bibliotecas.
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