São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

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Livro revê atuação do Iphan em SP

"Patrimônio: 70 Anos em São Paulo" traz verbetes sobre 58 construções em 33 cidades do Estado

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um panorama crítico dos 70 anos de atuação do Iphan. Assim, Carlos Lemos, 83, um dos principais historiadores de arquitetura e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, vê "Patrimônio: 70 Anos em São Paulo", livro que acaba de ser lançado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A publicação também é assinada pelo arquiteto Victor Hugo Mori, superintendente do órgão em São Paulo, e conta com organização de Marise Campos de Souza e Rossano Lopes Bastos.
Em 352 páginas, 58 construções tombadas pelo órgão federal em 33 cidades do Estado de São Paulo ganham verbetes explicativos, que dão um panorama histórico sobre os espaços -do conhecido Masp, em São Paulo, ao Casarão do Chá, em Mogi das Cruzes. Como introdução, Lemos assina um ensaio a respeito da atividade do Iphan nesses 70 anos, sem dispensar observações sobre figuras-chave como o urbanista Lucio Costa e o escritor Mário de Andrade.
As ressalvas ao trabalho de Costa vêm do seu pouco apreço pela arquitetura eclética, que eclodiu fortemente ao redor do mundo durante o século 19, misturando estilos. "Como estudante, ele abraçou o neocolonial. Depois, já com a influência de Le Corbusier, criou uma ideia da qual não se afastou nunca - a brasilidade e a modernidade estavam na arquitetura colonial, que deriva da técnica construtiva", diz Lemos. "Várias construções se perderam porque a noção de preservação de patrimônio nacional não tinha a ver com o eclético, universal no século 19."
Em 1976, Costa defendeu a polêmica demolição do Palácio Monroe, prédio inaugurado em 1906 no centro do Rio e que foi sede do Senado Federal. "Não há desculpas para defender um ato como esse."
De Mário de Andrade, Lemos condena o olhar pouco simpático ao patrimônio paulista dos séculos 18 e 19. "Para ele, mais importante era preservar o barroco de Minas e construções no Nordeste", diz o arquiteto.

Educação
Lemos acredita que hoje há mais mobilização na preservação da memória. "Há movimentos organizados. As escolas de arquitetura estão consolidadas. Hoje, seria impossível demolir um edifício como o Santa Helena [na Sé, em 1971, decorrente das obras do metrô]."
"Patrimônio: 70 Anos em São Paulo" não será vendido. O Iphan distribuirá mil exemplares a escolas e bibliotecas.


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