São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Sítio histórico, estúdio recebe nova horda de fãs

Abbey Road ficará sob a guarda do governo britânico; local foi imortalizado pelos Beatles, que gravaram ali nos anos 60

Ameaçado por crise financeira, o edifício quase foi à venda; endereço virou lugar de peregrinação para fãs do quarteto de Liverpool

FERNANDA MENA
EM LONDRES

Há tempos os beatlemaníacos não eram alvo de tamanha comoção. Há uma semana, o estúdio de gravação Abbey Road, em Londres -a Meca dos fãs do quarteto-, ressurgiu nas manchetes do Reino Unido ameaçado por uma crise financeira, que colocaria o espaço à venda. Mas foi, anteontem, salvo pelo governo britânico, que declarou o edifício patrimônio histórico.
Ao anunciar o tombamento do prédio de dois andares localizado no número 3 da Abbey Road, no bairro de St. Johns Wood, a ministra da Cultura, Margaret Hodges, disse que ali se produziu "boa parte da melhor música já feita no mundo".
Mas foram os Beatles que tornaram o local célebre. Foi no Abbey Road que o quarteto gravou discos entre 1962 e 1969. John Lennon, Ringo Starr, Paul McCartney e George Harrison imortalizaram o endereço na capa do álbum de mesmo nome, em que atravessam a faixa de pedestres em frente ao estúdio.
Desde então a rua é local de peregrinação, e sobre aquela mesma faixa de pedestres já posaram milhares de amantes dos Beatles. "Todo dia eu quase atropelo um ou outro fã que atravessa correndo para tirar fotos. Como esse aí", reclamou à reportagem um taxista, enquanto aguardava Paul Gainey, 41, completar o trajeto diante de uma câmera.
"Nunca tinha vindo ao Abbey Road. Quando soube da possível venda, peguei um trem de Bristol para uma visita, só para garantir", disse Gainey. "O que mais me intriga é como o estúdio mais importante do Reino Unido pode estar amargando uma crise."
Diariamente, cerca de 40 pessoas sobem os oito degraus da entrada do prédio que dão acesso à recepção do Abbey Road: querem saber se é possível visitar as dependências do local. Para todas, o segurança dá a mesma informação: o local não é aberto ao público.
O francês Xavier Papini, 28, fez sua versão da foto sobre a faixa com a namorada, além de registrar o muro do prédio que chamou de "parte da história da música pop ameaçada", todo rabiscado por fãs com trechos de letras dos Beatles.
A brasileira Daiane Brum, 24, que mora há um mês no prédio em frente ao estúdio, se diverte com a quantidade de turistas que reverenciam o local. "Alguns vêm vestidos a caráter", conta ela.

Crise
Na semana passada, surgiram rumores de que o espaço ícone da música pop britânica teria sido colocado à venda pela EMI, sua proprietária. A venda do Abbey Road poderia gerar uma receita de 10 milhões de libras (cerca de R$ 28 milhões) para a gravadora, pertencente ao grupo Terra Firma.
Este valor, no entanto, não chega perto do salva-vidas financeiro de que o grupo necessita: 120 milhões de libras (cerca de R$ 338 milhões) para não quebrar o acordo de empréstimo que mantém com o Citigroup, seu principal credor.
A EMI comprou o estúdio em 1929 por 100 mil libras (cerca de R$ 280 mil). Durante a Segunda Guerra Mundial, o local serviu para a gravação de propagandas do governo britânico e de programas da BBC.
O estúdio também foi o local escolhido para a banda Pink Floyd gravar "Dark Side of the Moon". E abrigou os registros musicais de grupos como Blur e Radiohead, além das gravações de mais de 200 trilhas sonoras, entre elas, "Star Wars", "Harry Potter" e "O Senhor dos Anéis".


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