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Sítio histórico, estúdio recebe nova horda de fãs
Abbey Road ficará sob a guarda do governo britânico; local foi imortalizado pelos Beatles, que gravaram ali nos anos 60
Ameaçado por crise financeira, o edifício quase foi à venda; endereço virou lugar de peregrinação para fãs do quarteto de Liverpool
FERNANDA MENA
EM LONDRES
Há tempos os beatlemaníacos não eram alvo de tamanha
comoção. Há uma semana, o
estúdio de gravação Abbey
Road, em Londres -a Meca dos
fãs do quarteto-, ressurgiu nas
manchetes do Reino Unido
ameaçado por uma crise financeira, que colocaria o espaço à
venda. Mas foi, anteontem, salvo pelo governo britânico, que
declarou o edifício patrimônio
histórico.
Ao anunciar o tombamento
do prédio de dois andares localizado no número 3 da Abbey
Road, no bairro de St. Johns
Wood, a ministra da Cultura,
Margaret Hodges, disse que ali
se produziu "boa parte da melhor música já feita no mundo".
Mas foram os Beatles que
tornaram o local célebre. Foi
no Abbey Road que o quarteto
gravou discos entre 1962 e
1969. John Lennon, Ringo
Starr, Paul McCartney e George Harrison imortalizaram o
endereço na capa do álbum de
mesmo nome, em que atravessam a faixa de pedestres em
frente ao estúdio.
Desde então a rua é local de
peregrinação, e sobre aquela
mesma faixa de pedestres já posaram milhares de amantes dos
Beatles. "Todo dia eu quase
atropelo um ou outro fã que
atravessa correndo para tirar
fotos. Como esse aí", reclamou
à reportagem um taxista, enquanto aguardava Paul Gainey,
41, completar o trajeto diante
de uma câmera.
"Nunca tinha vindo ao Abbey
Road. Quando soube da possível venda, peguei um trem de
Bristol para uma visita, só para
garantir", disse Gainey. "O que
mais me intriga é como o estúdio mais importante do Reino
Unido pode estar amargando
uma crise."
Diariamente, cerca de 40
pessoas sobem os oito degraus
da entrada do prédio que dão
acesso à recepção do Abbey
Road: querem saber se é possível visitar as dependências do
local. Para todas, o segurança
dá a mesma informação: o local
não é aberto ao público.
O francês Xavier Papini, 28,
fez sua versão da foto sobre a
faixa com a namorada, além de
registrar o muro do prédio que
chamou de "parte da história
da música pop ameaçada", todo
rabiscado por fãs com trechos
de letras dos Beatles.
A brasileira Daiane Brum, 24,
que mora há um mês no prédio
em frente ao estúdio, se diverte
com a quantidade de turistas
que reverenciam o local. "Alguns vêm vestidos a caráter",
conta ela.
Crise
Na semana passada, surgiram rumores de que o espaço
ícone da música pop britânica
teria sido colocado à venda pela
EMI, sua proprietária. A venda
do Abbey Road poderia gerar
uma receita de 10 milhões de libras (cerca de R$ 28 milhões)
para a gravadora, pertencente
ao grupo Terra Firma.
Este valor, no entanto, não
chega perto do salva-vidas financeiro de que o grupo necessita: 120 milhões de libras (cerca de R$ 338 milhões) para não
quebrar o acordo de empréstimo que mantém com o Citigroup, seu principal credor.
A EMI comprou o estúdio em
1929 por 100 mil libras (cerca
de R$ 280 mil). Durante a Segunda Guerra Mundial, o local
serviu para a gravação de propagandas do governo britânico
e de programas da BBC.
O estúdio também foi o local
escolhido para a banda Pink
Floyd gravar "Dark Side of the
Moon". E abrigou os registros
musicais de grupos como Blur e
Radiohead, além das gravações
de mais de 200 trilhas sonoras,
entre elas, "Star Wars", "Harry
Potter" e "O Senhor dos Anéis".
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