São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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Vocalista inglesa une elegância e rebeldia

Líder do grupo The Long Blondes, Kate Jackson torna-se ídolo de adolescentes

Em entrevista, a britânica fala sobre a importância das jovens cantoras que estão se destacando na música pop; CD da banda chega ao Brasil

Divulgação
Kate Jackson, em pé, ao lado dos outros integrantes do grupo britânico The Long Blondes, que lança no Brasil o primeiro disco


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O visual é charmoso, elegantemente provocador, inspirado em antigas estrelas do cinema hollywoodiano. A postura é rebelde, independente, inspirada em antigas roqueiras dos anos 70 e 80. Classe e atitude que fizeram a britânica Kate Jackson ser comparada a Marlene Dietrich e a Debbie Harry.
Além de vocalista da nova banda The Long Blondes, Kate Jackson (não confundir com a Kate Jackson que interpretava Sabrina Duncan nas "Panteras"...) é uma femme fatale que se tornou um espelho para garotas e musa para os garotos.
Jackson chega um pouco mais perto do Brasil com o lançamento do CD de estréia do Long Blondes, "Someone to Drive You Home", que saiu na Europa em novembro passado -e está entre os melhores álbuns lançados em 2006.
Alta, bonitona, sem meias palavras, Jackson foi uma das cinco mulheres que entraram entre as dez primeiras personalidades "mais cool" do mundo em lista promovida pelo semanário britânico "NME".
A lista significaria uma condição de igualdade entre homens e mulheres no rock?
"Gostaria de pensar que sim. Num mundo ideal, sim, mas não é o caso", diz, por telefone, à Folha. "Mas claro que é uma coisa legal ter tantas mulheres reconhecidas em uma lista desse tipo. Não queremos fazer nenhum manifesto feminista, mas apenas lembrar que não importa o fato de você ser menino ou menina. Parece bobagem, mas não é. Basta olhar por aí."
Jackson desmonta os estereótipos em que normalmente são colocadas a maioria das jovens roqueiras. Sabe que não dá para confiar nos homens ("Heaven Help the New Girl"), mas fica preocupada quando está na companhia de outras mulheres ("In the Company of Women"). Para ela, mais um fim de semana sem maquiagem é mais um fim de semana sem sair de casa ("Weekend Without Makeup").
Como muitas das letras foram compostas pelo guitarrista Dorian Cox (os Long Blondes são três garotas e dois garotos), na voz de Jackson elas soam ambíguas e misteriosas (por exemplo: "Uma faca para as garotas que querem ir para casa por apenas uma noite/ Uma faca para as garotas que nunca retornam suas ligações"; de "A Knife for the Girls").
Jackson não está sozinha no pop britânico. Ela, a jovem (21 anos) e bocuda Lily Allen e a não menos barraqueira Amy Winehouse passaram a estampar páginas dos tablóides -o respeitado jornal inglês "Guardian" já publicou duas reportagens sobre o assunto, em que condena o tratamento recebido pelas cantoras, que, para o jornal, seria diferente se fossem homens.
"Quando eu era mais jovem, ouvia bandas de mulheres como Elastica, Echobelly, Sleeper. Nunca fui feminista, mas luto contra os problemas que enfrentamos. Hoje as garotas se identificam comigo, Lily ou Amy, pois nos comportamos como mulheres normais", diz.
A música do Long Blondes é intensa como o pós-punk, irreverente como a new wave e imediata como o britpop. "As bandas que admiramos, de Abba a Blondie, têm fortes melodias e uma sensibilidade pop."
As letras, que giram em torno de histórias cotidianas, geram comparações com outra banda de Sheffield: o Pulp. "Falamos bastante sobre relacionamentos. De uma forma meio cinematográfica, quase mitológica", explica. "E definitivamente somos fãs do Pulp. Essa é uma das razões de muitos de nós termos mudado para Sheffield. Qualquer comparação com Pulp é uma honra."
De pegada roqueira, as músicas do Long Blondes são tocadas também em clubes de dance music. O elogiado DJ Erol Alkan produziu algumas faixas do grupo. "Ele é como nós: não se prende a um gênero."

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