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Arte abstrata espanhola desembarca na Estação
A partir de hoje, Estação Pinacoteca expõe cerca de 160 obras de Pablo Palazuelo
Palazuelo ganhou maior reconhecimento a partir de mostra no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona há dois anos
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após os anos 50, o domínio
de Nova York como capital das
artes no Ocidente e do expressionismo abstrato de Jackson
Pollock como principal vertente do novo império, a produção
de muitos artistas que também
seguiram a abstração ficou em
segundo plano.
A obra do espanhol Pablo
Palazuelo (1915-2007) está entre aquelas que, somente nos
últimos anos, ao ser revista em
profundidade, revelou um dos
mais originais artistas da abstração. Isso ocorreu graças a
"Palazuelo - Processo de Trabalho", mostra com cerca de
160 obras, organizada no Museu de Arte Contemporânea de
Barcelona (Macba), há dois
anos. Ainda na Espanha, passou por Bilbao, depois Bogotá,
na Colômbia, e chega hoje à
Estação Pinacoteca, em SP.
"Não é uma retrospectiva
exaustiva e completa, mas uma
seleção de obras que marcam
sua evolução, o que até na Espanha provocou surpresas",
conta Teresa Grandas, curadora do Macba e responsável pela
exposição, ao lado de Manuel
Borja J. Villel, atual diretor do
Museu Reina Sofia, em Madri.
Com formação em arquitetura, Palazuelo iniciou sua produção nos anos 40. Graças a uma
bolsa do governo francês, ele
passou a viver em Paris, até os
anos 60. "Era um período de ditadura na Espanha, e, graças a
essa bolsa, ele participou de importantes exposições da arte
abstrata", conta a curadora.
Para alguns artistas brasileiros, como Hélio Oiticica, o uso
de figuras geométricas era usado como uma forma de tensionar o espaço plano, o que levou
a sua produção à tridimensionalidade. Palazuelo, ao contrário, realiza uma produção escultural limitada, pois se concentra no desenho e na pintura
como suas principais formas de
criação até outubro do ano passado, quando morre.
"Ele trabalhou de uma forma
muito individual, mesmo observando em sua obra princípios do cinetismo, ela tampouco é cinética. O que se mantém sempre é de seu trabalho ser
um espaço de tensão", afirma
Grandas.
Visões aéreas
Esse "espaço de tensão" pode
ser visto nas pinturas da década
de 1950, que parecem visões aéreas tomadas de um avião
-não por acaso, Palazuelo foi
piloto; nas obras da década de
1960, como "Mandala" ou
"Cadmio", pinturas em grande
formato com figuras biomórficas; ou então nos trabalhos dos
anos 1970 e 1980 que se inspiram em partituras musicais.
Outro elemento que é importante em sua obra, segundo a
curadora, e que dá até o nome à
exposição, é o aspecto processual de seu trabalho, que é sempre revelado. Para Grandas,
"especialmente em suas obras
dos anos 1950 e 1960, é possível
visualizar como os limites entre as formas são borrados,
dando a impressão de que seu
trabalho nunca é finalizado".
Palazuelo foi um estudioso
de religiões orientais, o que
também influenciou sua obra,
provocando certo preconceito
em relação a ela. "O que percebemos é que lhe interessava de
fato a mística, mas para ser
abordada em um viés racional",
defende a curadora.
PALAZUELO - PROCESSO DE
TRABALHO
Onde: Estação Pinacoteca (Largo General Osório, 66, São Paulo; tel. 0/xx/11 3337-0185)
Quando: abertura, hoje, 19h30; de ter.
a dom., das 10h às 18h; até 25/5.
Quanto: R$ 4; grátis aos sábados
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