São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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Crítica

Panahi tem olhar aberto para infância iraniana

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Houve um momento em que o cinema do Irã era, essencialmente, um cinema da infância. Os motivos são vários.
Um deles, que não me parece nada secundário: era um país que se olhava como infância, depois da violenta mudança de orientação política no fim dos anos 1970.
Infância como a da menina de "O Balão Branco" (Futura, 1h30; livre), que pede dinheiro à mãe para comprar um peixe, mas perde o dinheiro.
Nada mais justo: a infância é como uma deficiência, é incapacidade de se gerir plenamente, é se sentir incapaz diante de um mundo que não compreende e que não a compreende também.
Ao mesmo tempo, a infância é o tempo em que o corpo ainda instável se constrói, busca a estabilidade, procura o crescimento. Todas as portas estão abertas, tudo ainda se pode aprender.
Esse é o espírito do filme, o primeiro de Jafar Panahi, de 1995, escrito por Abbas Kiarostami, de que fora assistente. Agora Panahi já foi preso e o cinema iraniano tende a ser esmagado pela repressão.


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