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Lúcio Maia lança segundo disco solo
Guitarrista da Nação Zumbi aposta em letras e canções no lugar das colagens que marcaram 1º álbum do Maquinado
"Mundialmente Anônimo" transita entre o rock e o samba; guitarrista também participa de outros projetos paralelos a Nação Zumbi
BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre as mais relevantes
bandas nacionais, a Nação
Zumbi também rende bons frutos separada.
Nos anos 90, parte dos integrantes começou a tocar em
shows o repertório de Jorge
Ben Jor, sob a alcunha de Los
Sebosos Postizos. Em 2008, o
baixista Dengue e o baterista
Pupillo reuniram um time de
compositores, músicos e cantoras em torno do 3 na massa. Antes disso, o guitarrista Lúcio
Maia articulou seu projeto solo,
Maquinado, que lança seu segundo álbum, "Mundialmente
Anônimo - O Magnético Sangramento da Existência".
"O primeiro é um disco de
produtor, tem uma característica forte de estúdio, de colagem. Neste, juntei uma galera e
fui para o estúdio. Trabalhei
com o método mais tradicional", conta Lúcio.
No disco, o guitarrista bebe
no samba e no rock, gêneros
que também guiam a Nação
Zumbi. "É como falar da maneira que você sabe melhor",
diz. Mais diluídas, aparecem a
música jamaicana, a africana e
a influência do candomblé.
Em quase todas as músicas,
Lúcio canta -o que não faz na
Nação Zumbi e passou a fazer
timidamente no primeiro disco
do Maquinado. "No começo da
Nação, o Chico [Science] me
cobrava muito: "Pô, eu vou ficar
carregando o show sozinho? É
muito espaço para mim. Por
que você não chega junto?". Tomei aquilo como uma lição de
vida, não só no palco."
O guitarrista abre o disco
com uma regravação de "Zumbi", de Ben Jor, seguida por
"Dandara", de sua autoria -Lúcio escreveu a maioria das canções do disco. "Uma é a explicação da outra. A questão é puramente didática. Ninguém conhece Zumbi [dos Palmares]
nem Dandara. Mais ainda ela,
que foi a companheira dele. Essas coisas não estão no livro."
O didatismo da letra e a maneira quase falada ao cantar remete a Ben Jor em "Xica da Silva" (do álbum "África Brasil"),
música em que ele recupera a
vida da escrava, e evidencia a
influência do cantor no disco.
Lúcio gravou ainda "Recado
ao Pio, Extensivo ao Lucas",
resposta a "Recado para Lúcio
Maia", gravado por Pio Lobato
nos anos 90 e recuperada por
Lucas Santtana em "Recado
pro Pio Lobato" no disco "Sem
Nostalgia" (2009) -todas pontuadas por elementos da música jamaicana. "Estava com isso
na cabeça há anos: tenho que
fazer um som para mandar o
recado de volta."
Autogestão
O primeiro disco do Maquinado saiu pela Trama, que cuidou de todo o processo de lançamento do disco.
Neste, Lúcio
lançou por seu próprio selo e
assumiu da produção musical à
executiva. "É tão difícil o mercado absorver [os lançamentos]. Não dá para ficar esperando por ninguém.
Nada mais
justo do que você se autoadministrar", diz o guitarrista.
Lúcio usa o intervalo até a
gravação do próximo disco da
Nação, previsto para este ano,
para fazer shows com o Maquinado. Também neste ano, saem
os primeiro discos do Los Sebosos e do Almas, que reúne, além
de Lúcio, Dengue Pupillo, Seu
Jorge e o produtor Antonio
Pinto. Os projetos paralelos dos
membros da Nação Zumbi já
não soam tão coadjuvantes.
MUNDIALMENTE ANÔNIMO
Artista: Maquinado
Quanto: R$ 15, no www.verticescasa.com.br
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