São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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Lúcio Maia lança segundo disco solo

Guitarrista da Nação Zumbi aposta em letras e canções no lugar das colagens que marcaram 1º álbum do Maquinado

"Mundialmente Anônimo" transita entre o rock e o samba; guitarrista também participa de outros projetos paralelos a Nação Zumbi

BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre as mais relevantes bandas nacionais, a Nação Zumbi também rende bons frutos separada.
Nos anos 90, parte dos integrantes começou a tocar em shows o repertório de Jorge Ben Jor, sob a alcunha de Los Sebosos Postizos. Em 2008, o baixista Dengue e o baterista Pupillo reuniram um time de compositores, músicos e cantoras em torno do 3 na massa. Antes disso, o guitarrista Lúcio Maia articulou seu projeto solo, Maquinado, que lança seu segundo álbum, "Mundialmente Anônimo - O Magnético Sangramento da Existência".
"O primeiro é um disco de produtor, tem uma característica forte de estúdio, de colagem. Neste, juntei uma galera e fui para o estúdio. Trabalhei com o método mais tradicional", conta Lúcio.
No disco, o guitarrista bebe no samba e no rock, gêneros que também guiam a Nação Zumbi. "É como falar da maneira que você sabe melhor", diz. Mais diluídas, aparecem a música jamaicana, a africana e a influência do candomblé.
Em quase todas as músicas, Lúcio canta -o que não faz na Nação Zumbi e passou a fazer timidamente no primeiro disco do Maquinado. "No começo da Nação, o Chico [Science] me cobrava muito: "Pô, eu vou ficar carregando o show sozinho? É muito espaço para mim. Por que você não chega junto?". Tomei aquilo como uma lição de vida, não só no palco."
O guitarrista abre o disco com uma regravação de "Zumbi", de Ben Jor, seguida por "Dandara", de sua autoria -Lúcio escreveu a maioria das canções do disco. "Uma é a explicação da outra. A questão é puramente didática. Ninguém conhece Zumbi [dos Palmares] nem Dandara. Mais ainda ela, que foi a companheira dele. Essas coisas não estão no livro." O didatismo da letra e a maneira quase falada ao cantar remete a Ben Jor em "Xica da Silva" (do álbum "África Brasil"), música em que ele recupera a vida da escrava, e evidencia a influência do cantor no disco.
Lúcio gravou ainda "Recado ao Pio, Extensivo ao Lucas", resposta a "Recado para Lúcio Maia", gravado por Pio Lobato nos anos 90 e recuperada por Lucas Santtana em "Recado pro Pio Lobato" no disco "Sem Nostalgia" (2009) -todas pontuadas por elementos da música jamaicana. "Estava com isso na cabeça há anos: tenho que fazer um som para mandar o recado de volta."

Autogestão
O primeiro disco do Maquinado saiu pela Trama, que cuidou de todo o processo de lançamento do disco.
Neste, Lúcio lançou por seu próprio selo e assumiu da produção musical à executiva. "É tão difícil o mercado absorver [os lançamentos]. Não dá para ficar esperando por ninguém.
Nada mais justo do que você se autoadministrar", diz o guitarrista.
Lúcio usa o intervalo até a gravação do próximo disco da Nação, previsto para este ano, para fazer shows com o Maquinado. Também neste ano, saem os primeiro discos do Los Sebosos e do Almas, que reúne, além de Lúcio, Dengue Pupillo, Seu Jorge e o produtor Antonio Pinto. Os projetos paralelos dos membros da Nação Zumbi já não soam tão coadjuvantes.


MUNDIALMENTE ANÔNIMO

Artista: Maquinado
Quanto: R$ 15, no www.verticescasa.com.br




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