São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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Crítica/"Mundialmente Anônimo"

Influências de Jorge Ben Jor e coesão sonora são destaque em novo CD

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

No primeiro registro de seu projeto solo, "Homem Binário" (2007), Lúcio Maia tinha fome de tudo: reuniu camaradas como Jorge du Peixe e Siba, entre outros, num disco de produtor com referências diversas de hip-hop, ciranda, rock, psicodelia. O resultado era um álbum agradável de ouvir, mas sem coesão.
Em "Mundialmente Anônimo", o guitarrista superou esse formato "balaio de gato" com uma banda da qual fazem parte músicos como o baixista Rian Batista (Cidadão Instigado) e o trompetista Guilherme Mendonça (o Guizado), criando a coerência que faltava ao trabalho anterior. A sonoridade ainda remete a diversos estilos, mas, agora, há uma sombra de Jorge Ben Jor que percorre todo o CD. Sua influência é direta, com "Zumbi" abrindo o disco, ou em faixas como "Dandara", sobre a mulher do herói negro.
Escolher gravar "Super Homem Plus", de Fred 04, herdeiro declarado do balanço de Ben Jor, é nova menção ao carioca.
As boas referências, somadas à competência dos instrumentistas, garantem bases impecáveis, como na suingada "Bem Vinda ao Inferno". Guitarrista talentoso, Maia evita os arroubos típicos de solistas; mesmo quando resolve ser barulhento, no rock "SP", o faz com classe.
Nos vocais, ele se arrisca; cantar bem, não canta, mas a interpretação tem estilo -ainda que com a ajuda de muitos efeitos. Seu ponto fraco são as letras. Exceto os covers, são todas de Maia. E fracas. Eis o próximo desafio a ser superado.


MAQUINADO

Avaliação: bom




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