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NA TV
Gafes não deixam de comparecer
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Com 70 anos para comemorar, o
Oscar teve uma festa ainda mais
longa e muito mais povoada. Bem
no gênero fã de cinema, uma espécie que, para a alegria de Rubens
Ewald Filho, está em extinção.
Quando o palco foi ocupado pelos atores e atrizes ganhadores de
um Oscar, sentados em quatro filas de cadeiras, Ewald conseguiu
identificar todos, dizendo o nome
do filme que lhes deu o prêmio.
Arnaldo Jabor, outro comentarista da festa, confessou-se impressionado. "Quem gosta de cinema...", disse Rubinho, o fã.
É verdade que, a essa altura, o
cineasta Jabor estava ainda mais
azedo em matéria de humor. O filme dos Barreto tinha perdido o
tão sonhado Oscar para um filme
holandês. "Careta", xingou Jabor,
quando o feliz diretor dos Países
Baixos festejava o prêmio que a
Sharon Stone entregou.
Durante toda a festa, Arnaldo Jabor mostrou seu descontentamento com os prêmios dados aos
recursos técnicos do cinema americano. Em ano que "Titanic", um
filme de todos os recursos, ganha
11 prêmios, Jabor só podia se sentir desconfortável.
"Sou o rei do mundo", gritou o
melhor diretor James Cameron.
"Nunca vi coisa igual", disse o
também apresentador Renato Machado, entrando no clima Jabor.
Logo depois, numa provável ajuda
do Ewald, ele se penitenciava: "Está imitando o ausente Leonardo
DiCaprio". Renato Machado apresentava a festa do Oscar sem ter
visto "Titanic", a maior bilheteria
de todos os tempos.
Sempre preferindo "Kundun"
(alguém viu?), Arnaldo Jabor não
reclamou do prêmio de melhor
ator dado a Jack Nicholson, da
realeza de Hollywood. Foi, por
exemplo, o único da platéia incluído no levantar de cortina do Billy
Crystal, dessa vez cheio de invenções cênicas e canções famosas
com novos versos de muito humor. Ainda dizem, no Brasil, que
Billy Crystal é chato?
Os fãs de cinema da geração anterior aos home teathers adoraram
a homenagem feita a Stanley Donen, o homem dos melhores musicais, inclusive aquele em que
Audrey Hepburn ofuscava a Vitória de Samotrácia em pleno Louvre e aquele em que Gene Kelly
cantava e dançava na chuva. Ainda em forma, Donen fez do seu
agradecimento um pequeno show
com música de Irving Berlin.
Só as inglesas reclamaram da
melhor atriz Helen Hunt. Se não
gostou do prêmio da Kim Basinger, Gloria Stuart não reclamou.
Ficou até o fim. Não se sabe se a
Fay Wray, a namorada do King
Kong, também resistiu.
Só se sabe que Jabor não aprovou a premiação de Robin Williams como melhor coadjuvante.
"É um falso grande ator", disse ele.
Pior do que o Pedro Cardoso? Não
interessa. Esse não ganhou nada.
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