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TEATRO
Texto de Antônio Rogério Toscano mistura sagrado e profano em peça que será montada em julho
"Sacromaquia" encena clausura da fé
free-lance para a Folha
Maquia vem do grego "machía", que significa luta, batalha,
esforço. "Sacromaquia", título do
texto de Antônio Rogério Toscano, é o sacrifício de mulheres religiosas para se tornarem santas.
Mas não se trata de uma peça
religiosa, deixa claro o autor. Sem
se apegar a nenhuma religião ou
seita, ele disserta sobre a relação
entre a fé e o desejo, por meio da
encenação onírica de freiras enclausuradas e a influência do espaço fechado, do isolamento, no
comportamento de cada uma.
As seis religiosas trancafiadas
buscam a santidade e se deparam
com tudo o que isso envolve, "até
mesmo o profano", explica o dramaturgo. "Elas passam pelas 14
estações da Via Sacra, querem
atingir a ressureição, que não
acontece."
O texto -experimental, não-linear- oscila entre o cômico e o
grotesco, o sacro e o "barra-pesada".
"Sacromaquia" nasceu de pesquisas que Toscano, a diretora
Maria Thaís Lima Santos e o elenco realizaram juntos sobre a clausura. Entre os livros pesquisados,
"Que Seja em Segredo", de Ana
Miranda, foi fonte de informações valiosas para a formação das
personagens.
O elenco que participa da leitura
hoje na Folha (leia texto ao lado) é
o mesmo da montagem que tem
estréia marcada para a primeira
semana de julho.
Carol Badra, Eloísa Elena, Lúcia
Romano, Melissa Vettore, Mônica Guimarães, Fernanda Haucke,
Fernanda Rapisarda e Newton
Moreno fazem parte da companhia de teatro Balagan, formada
por Maria Thaís, no ano passado.
Moreno, único membro masculino do elenco, interpreta Ele,
entidade que pode ser tanto Deus
como o demônio e atua sobre a fé
de cada uma das mulheres. Ele
aparece de maneiras diferentes
para cada uma.
Peças anteriores
Não é a primeira vez que Toscano, 27, mistura temas religiosos a
assuntos profanos contemporâneos. Em 1997, ele escreveu e dirigiu "Revólver - O Novo Testamento Segundo a Morfina", uma
história alucinada sobre Jesus
-um homossexual viciado em
drogas- e Madalena -uma
prostituta.
Para o dramaturgo, a semelhança entre as peças está nos personagens: "Em ambos os casos, eles
criam máscaras para si próprios,
mas essas máscaras não se encaixam direito".
A parceria do autor com a diretora Maria Thaís Lima Santos, 40,
também não é nova. Os dois trabalharam juntos em "As Cadelas", peça que participou de vários
festivais brasileiros e deve estrear
em São Paulo no segundo semestre deste ano.
(MARINA MONZILLO)
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