São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2000


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TEATRO
Texto de Antônio Rogério Toscano mistura sagrado e profano em peça que será montada em julho
"Sacromaquia" encena clausura da fé

free-lance para a Folha

Maquia vem do grego "machía", que significa luta, batalha, esforço. "Sacromaquia", título do texto de Antônio Rogério Toscano, é o sacrifício de mulheres religiosas para se tornarem santas.
Mas não se trata de uma peça religiosa, deixa claro o autor. Sem se apegar a nenhuma religião ou seita, ele disserta sobre a relação entre a fé e o desejo, por meio da encenação onírica de freiras enclausuradas e a influência do espaço fechado, do isolamento, no comportamento de cada uma.
As seis religiosas trancafiadas buscam a santidade e se deparam com tudo o que isso envolve, "até mesmo o profano", explica o dramaturgo. "Elas passam pelas 14 estações da Via Sacra, querem atingir a ressureição, que não acontece."
O texto -experimental, não-linear- oscila entre o cômico e o grotesco, o sacro e o "barra-pesada".
"Sacromaquia" nasceu de pesquisas que Toscano, a diretora Maria Thaís Lima Santos e o elenco realizaram juntos sobre a clausura. Entre os livros pesquisados, "Que Seja em Segredo", de Ana Miranda, foi fonte de informações valiosas para a formação das personagens.
O elenco que participa da leitura hoje na Folha (leia texto ao lado) é o mesmo da montagem que tem estréia marcada para a primeira semana de julho.
Carol Badra, Eloísa Elena, Lúcia Romano, Melissa Vettore, Mônica Guimarães, Fernanda Haucke, Fernanda Rapisarda e Newton Moreno fazem parte da companhia de teatro Balagan, formada por Maria Thaís, no ano passado.
Moreno, único membro masculino do elenco, interpreta Ele, entidade que pode ser tanto Deus como o demônio e atua sobre a fé de cada uma das mulheres. Ele aparece de maneiras diferentes para cada uma.

Peças anteriores
Não é a primeira vez que Toscano, 27, mistura temas religiosos a assuntos profanos contemporâneos. Em 1997, ele escreveu e dirigiu "Revólver - O Novo Testamento Segundo a Morfina", uma história alucinada sobre Jesus -um homossexual viciado em drogas- e Madalena -uma prostituta.
Para o dramaturgo, a semelhança entre as peças está nos personagens: "Em ambos os casos, eles criam máscaras para si próprios, mas essas máscaras não se encaixam direito".
A parceria do autor com a diretora Maria Thaís Lima Santos, 40, também não é nova. Os dois trabalharam juntos em "As Cadelas", peça que participou de vários festivais brasileiros e deve estrear em São Paulo no segundo semestre deste ano.
(MARINA MONZILLO)


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