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RUÍDO
Lei afeta produção, afirmam gravadoras
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Agora que a lei da numeração de CDs está em vigor,
pipocam reclamações no mercado musical. Gravadoras grandes e pequenas dizem que o ritmo de produção já foi afetado.
O vice-presidente da EMI,
Luiz Bannitz, diz que os procedimentos para tornar a lei operacional "resultam em queda da
produtividade, aumento do custo de manufatura e atrasos nos
cronogramas de lançamentos".
O gerente de planejamento da
Universal, Roberto Cláudio, diz
que a novidade afeta principalmente novas tiragens de títulos
já existentes, porque as contracapas têm de ser refeitas. A Warner cita dificuldades no controle
de embalagem dos CDs.
As grandes não mencionam
que sua produtividade já estava
desacelerada desde janeiro; mas,
no mercado independente, as
queixas se repetem. Pequenos
selos reclamam da burocracia
de sociedades arrecadadoras e
do órgão centralizador (Ecad)
em regularizar suas situações.
Reclama um dos sócios do selo Bizarre, Guilherme Barrella:
"Aqui estamos, com um disco
(do grupo europeu Stereo Total)
pronto para ser promovido por
uma turnê com datas marcadas,
fora outros cinco CDs parados".
Mesmo com restrições, a Associação Brasileira de Música
Independente resolveu manifestar apoio integral à lei. "É necessária, bacana e importante. O
que vamos questionar, com calma, é o custo", afirma o presidente da ABMI, Pena Schmidt.
Ele diz que as fábricas já cobram R$ 0,11 por cópia para numerar.
OS INDEPENDENTES
O disco de estréia da banda
Pipodélica vem avisar ao
Brasil que, sim, existe uma
cena roqueira em Santa Catarina. O selo indie paulistano Baratos Afins é quem
banca o lançamento de "Simetria Radial", que foi gravado na Florianópolis natal.
Como o nome do grupo indica, trata-se de revisitar a
psicodelia dos 60 (e, não há
jeito, os Mutantes gritam nas
entrelinhas) aos 80 (como
no álbum de 88 "Psicoacústica", do Ira!). A fidelidade
ao formato não permite que
o grupo alce maiores vôos,
mas o que diferencia o Pipodélica em sua primeira aventura é uma irresistível vocação para a melodia, como
demonstra, em especial, a
doce "Primeiro de Abril".
O BOICOTE
O atuante site Samba &
Choro prega boicote à coleção
"Odeon Cem Anos", da EMI,
que vem com sistema de
proteção digital que inibe a
produção de cópias dos CDs. O
coordenador do site, Paulo
Eduardo Neves, classifica os
CDs como "defeituosos",
argumenta que a série é restrita
e direcionada a colecionadores
e que o mecanismo é uma
tecnologia "anticonsumidor
legal", e não antipirataria.
A PROTEÇÃO
O vice-presidente Luiz
Bannitz defende a EMI: "O
sistema anticópias protege
artistas, autores, músicos e
todos aqueles que tornam
possível o trabalho artístico".
Para ele, não são álbuns
defeituosos, mas CDs com
mecanismos de proteção do
conteúdo artístico e dos
direitos autorais.
A OFENSIVA
Segundo Bannitz, a EMI
passará a incluir também em
seus CDs um pedido ao
consumidor, para que não
copie na internet nem
presenteie amigos com cópias
caseiras. O argumento é o
mesmo: prejudica os artistas.
psanches@folhasp.com.br
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