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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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ELETRÔNICO

Coordenadoria da Juventude e Mercado Mundo Mix se desentendem; público vai dançar de graça duas vezes

Prefeitura de SP vai fazer sua própria parada

IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um racha ocorrido na semana passada entre organizadores e parceiros da Parada da Paz de São Paulo -o maior evento de música eletrônica do país- deve terminar de forma positiva para quem gosta do babado.
Por causa dos desentendimentos, duas frentes se preparam para produzir sua própria parada, e os amantes de música eletrônica vão poder dançar de graça duas vezes no segundo semestre deste ano.
O racha aconteceu na quinta passada, numa reunião entre o Mercado Mundo Mix -que criou a parada em 1997- e a Coordenadoria Especial da Juventude da Prefeitura de São Paulo -que foi parceira do evento nos últimos dois anos.
Alexandre Youssef, coordenador de Juventude da prefeitura, afirma que o desentendimento ocorreu porque "hoje existe a demanda de se democratizar um pouco mais a parada". "O Mercado Mundo Mix, que é uma empresa, cobra para ceder trios elétricos. Por isso, pensamos numa configuração nova para valorização da cena", diz Youssef.
Beto Lago e Fabíola Kassin, sócios do Mercado Mundo Mix, rejeitam essa explicação. "Cobrávamos entre R$ 5.000 e R$ 8.000 por trio para viabilizar a parada. Nunca tivemos lucro. A primeira vez que ela se pagou foi no ano passado. Antes, tirávamos dinheiro do próprio bolso", afirma Beto Lago.
A sexta edição da Parada da Paz, que aconteceu em 10 de novembro de 2002, reuniu entre 70 mil (segundo a PM) e 200 mil pessoas (segundo a Guarda Civil Metropolitana). Dançaram atrás de cem DJs em 16 trios elétricos pela avenida República do Líbano, até a dispersão em frente ao Obelisco do Ibirapuera. O custo aproximado foi de R$ 300 mil.
Youssef considera que poderá baixar esse custo para R$ 175 mil. "E poderemos facilmente captar esses recursos em empresas que tenham ligação com a cena eletrônica", diz o coordenador. Beto Lago diz que a parada só teve esse custo porque a prefeitura não ajudava. "Tive que pagar até pelos cavaletes do DSV. O apoio dele é nada. Em dois anos, não pagou um segurança", diz.
As paradas ainda não têm data marcada, mas a da coordenadoria, ainda sem nome, deve fechar a Semana Jovem, série de eventos da prefeitura em novembro. Fabíola Kassin, do Mercado Mundo Mix, adianta que a sua deve acontecer antes.
Antes ainda, deve acontecer a Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), que é organizada por uma ONG e nada tem a ver com a discussão da Parada da Paz. A parada gay, que no ano passado reuniu 400 mil na Paulista e na Consolação, está marcada para 22 de junho, com o tema "Construindo Políticas Homossexuais".

"Quebra de confiança"
As paradas eletrônicas do fim do ano também podem mudar de local. O crescimento do público pode inviabilizar o uso da av. República do Líbano. Uma comissão recrutada pela coordenadoria estuda a idéia de fazê-la apenas em torno do Obelisco e do Monumento às Bandeiras.
Além das questões financeiras, outro problema abalou a parceria entre a Coordenaria da Juventude e o Mercado Mundo Mix. Segundo Youssef, a empresa de Lago e Kassin registrou indevidamente os nomes de dois outros eventos da cidade, o SP Eletrônico e o SP Não Dorme. "Houve quebra de confiança", diz Youssef.
Lago diz que, pelo contrário, foi ele o criador dos eventos e registrar nomes não passa de praxe jurídica. Fala Beto Lago: "É lamentável que um órgão criado para ajudar iniciativas culturais independentes, como a Parada da Paz, transforme isso em factóide eleitoreiro. Fui ingênuo em apresentar para Youssef os nossos patrocinadores e contatos".
Fala Youssef: "A prefeitura não vai cercear nenhum outro evento. Mas não será mais parceira; o evento agora será como privado, arcando com gastos logísticos, taxas e autorizações necessárias".


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