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ELETRÔNICO
Coordenadoria da Juventude e Mercado Mundo Mix se desentendem; público vai dançar de graça duas vezes
Prefeitura de SP vai fazer sua própria parada
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um racha ocorrido na semana
passada entre organizadores e
parceiros da Parada da Paz de São
Paulo -o maior evento de música eletrônica do país- deve terminar de forma positiva para quem gosta do babado.
Por causa dos desentendimentos, duas frentes se preparam para
produzir sua própria parada, e os
amantes de música eletrônica vão
poder dançar de graça duas vezes
no segundo semestre deste ano.
O racha aconteceu na quinta
passada, numa reunião entre o
Mercado Mundo Mix -que
criou a parada em 1997- e a
Coordenadoria Especial da Juventude da Prefeitura de São Paulo -que foi parceira do evento
nos últimos dois anos.
Alexandre Youssef, coordenador de Juventude da prefeitura,
afirma que o desentendimento
ocorreu porque "hoje existe a demanda de se democratizar um
pouco mais a parada". "O Mercado Mundo Mix, que é uma empresa, cobra para ceder trios elétricos. Por isso, pensamos numa
configuração nova para valorização da cena", diz Youssef.
Beto Lago e Fabíola Kassin, sócios do Mercado Mundo Mix, rejeitam essa explicação. "Cobrávamos entre R$ 5.000 e R$ 8.000 por
trio para viabilizar a parada. Nunca tivemos lucro. A primeira vez
que ela se pagou foi no ano passado. Antes, tirávamos dinheiro do
próprio bolso", afirma Beto Lago.
A sexta edição da Parada da Paz,
que aconteceu em 10 de novembro de 2002, reuniu entre 70 mil
(segundo a PM) e 200 mil pessoas
(segundo a Guarda Civil Metropolitana). Dançaram atrás de cem
DJs em 16 trios elétricos pela avenida República do Líbano, até a
dispersão em frente ao Obelisco
do Ibirapuera. O custo aproximado foi de R$ 300 mil.
Youssef considera que poderá
baixar esse custo para R$ 175 mil.
"E poderemos facilmente captar
esses recursos em empresas que
tenham ligação com a cena eletrônica", diz o coordenador. Beto Lago diz que a parada só teve esse
custo porque a prefeitura não ajudava. "Tive que pagar até pelos
cavaletes do DSV. O apoio dele é
nada. Em dois anos, não pagou
um segurança", diz.
As paradas ainda não têm data
marcada, mas a da coordenadoria, ainda sem nome, deve fechar
a Semana Jovem, série de eventos
da prefeitura em novembro. Fabíola Kassin, do Mercado Mundo
Mix, adianta que a sua deve acontecer antes.
Antes ainda, deve acontecer a
Parada do Orgulho GLBT (Gays,
Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), que é organizada por uma
ONG e nada tem a ver com a discussão da Parada da Paz. A parada gay, que no ano passado reuniu 400 mil na Paulista e na Consolação, está marcada para 22 de
junho, com o tema "Construindo
Políticas Homossexuais".
"Quebra de confiança"
As paradas eletrônicas do fim
do ano também podem mudar de
local. O crescimento do público
pode inviabilizar o uso da av. República do Líbano. Uma comissão
recrutada pela coordenadoria estuda a idéia de fazê-la apenas em
torno do Obelisco e do Monumento às Bandeiras.
Além das questões financeiras,
outro problema abalou a parceria
entre a Coordenaria da Juventude
e o Mercado Mundo Mix. Segundo Youssef, a empresa de Lago e
Kassin registrou indevidamente
os nomes de dois outros eventos
da cidade, o SP Eletrônico e o SP
Não Dorme. "Houve quebra de
confiança", diz Youssef.
Lago diz que, pelo contrário, foi
ele o criador dos eventos e registrar nomes não passa de praxe jurídica. Fala Beto Lago: "É lamentável que um órgão criado para
ajudar iniciativas culturais independentes, como a Parada da Paz,
transforme isso em factóide eleitoreiro. Fui ingênuo em apresentar para Youssef os nossos patrocinadores e contatos".
Fala Youssef: "A prefeitura não
vai cercear nenhum outro evento.
Mas não será mais parceira; o
evento agora será como privado,
arcando com gastos logísticos, taxas e autorizações necessárias".
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