São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2000


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INAUGURAÇÃO
Cidade mineira ganha hoje acervo histórico com 400 peças de arte sacra produzidas entre os séculos 17 e 19
Novo museu retrata Ouro Preto colonial

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Com o objetivo de retratar o período colonial de uma das principais cidades históricas do país, será inaugurado hoje na Matriz Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto (MG), o Museu de Arte Sacra da cidade.
Cerca de 400 peças produzidas entre o final do século 17 e o início do século 19 vão constituir o acervo do novo museu.
Segundo seus idealizadores, o Museu de Arte Sacra tem a finalidade de "guiar culturalmente" o turista que visita a cidade, além de valorizar a cultura regional.
"Se o visitante quer conhecer a história de Ouro Preto, ele antes deve fazer uma visita ao museu e depois passear pela cidade", diz o diretor da instituição, Carlos José Aparecido de Oliveira, 38.
"O visitante vai entrar no museu e adquirir um conhecimento profundo de nossa arte, de nossa história. Ele vai ver o que sobrou do período colonial de Ouro Preto", afirma o padre José Feliciano da Costa Simões, 68, pároco da matriz há 36 anos.
As peças expostas -esculturas, livros, documentos, vestimentas, cerâmica etc.- serão apresentadas em oito vitrines temáticas, com explicações e referências históricas escritas em placas.
Entre os temas abordados nas vitrines está a celebração ocorrida durante a inauguração da ampliação da matriz, em 1734.
Os participantes dos festejos, relatados em um livro editado em Lisboa no mesmo ano, desfilaram com suntuosas roupas bordadas com fios de ouro e botões de pedras preciosas -consequência direta da influência que o ciclo do ouro teve em Minas Gerais.
Algumas dessas peças usadas na época vão estar em exposição. Em outras vitrines estarão cruzes, relicários e objetos litúrgicos usados durante o século 18.
"A idéia é mostrar com essas peças a preocupação barroca de trazer pessoas para a igreja por meio do luxo. Os objetos usados na liturgia tinham que ser tão suntuosos quanto a talha", diz Oliveira, o diretor do museu.
Há também no museu uma seção dedicada a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Na vitrine, que terá expostas três peças atribuídas por uma comissão da matriz ao mestre do barroco mineiro, há explicações técnicas de como identificar o estilo do escultor.
As obras ficarão em uma área de cerca de 120 metros quadrados, que inclui um setor subterrâneo, descoberto em 1997, durante obras de reforma do assoalho da matriz.
De acordo com o diretor do museu, o local pode ter sido a entrada de uma mina de ouro ou a parte onde eram celebradas as missas antes da reforma de 1734.
O museu, que será o oitavo da cidade, é uma versão ampliada e mais sofisticada do Museu de Arte Sacra da Igreja do Carmo, fechado há quatro anos.
O local terá tratamento de ambiente, com controle de umidade e luz, sistemas de renovação de ar e vigilância eletrônica, fruto da doação de R$ 30 mil da empresa Alcan Alumínio do Brasil.
Além do acervo do museu, o visitante poderá ver o mobiliário do século 18 que fica na sacristia da matriz. A visitação será aberta ao público a partir de amanhã.


Inauguração: hoje, às 19h30. Entrada franca
Onde: Matriz Nossa Senhora do Pilar (pça. Monsenhor Castilho Barbosa, centro, Ouro Preto (MG)
Quando: de terça a domingo, das 9h às 10h45 e das 12h às 16h45.
Quanto: R$ 3 (estudantes pagam R$ 1,50


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