São Paulo, sábado, 25 de maio de 2002

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Grupo lida com risco e arte do precário

DA REPORTAGEM LOCAL

O que o move no Vertigem, diz o ator Sergio Siviero, é a sensação de fazer teatro sempre pela última vez. É predispor-se ao precário, ao risco, acrescenta Miriam Rinaldi. "Somos raçudos", afirma a atriz, enumerando hematomas e outras aflições que vão pelo corpo e pela alma de quem lida com o ofício.
Sentado no quintal do cadeião, Roberto Audio costura uma peruca que pode ser da Besta ou do Senhor Morto. Ele reconhece "sofrimentos" na criação e na produção, mas tanto sorriso desperta mais o sentido da brincadeira.
A aparência taciturna do Vertigem, por conta da temática, desmancha-se em poucos minutos de convivência. Em dia de estréia, abortada na véspera por causa da chuva, é o introspectivo Antônio Araújo, bloco em punho, quem solta gargalhadas sob nimbos.
O ator Joelson Medeiros assume o lado místico e leva incenso aos "camarins" improvisados em celas do corredor oposto ao que será usado para a cena do massacre, referência explícita à ação da Polícia Militar na Casa de Detenção de São Paulo, em 2 de outubro de 1992, que matou oficialmente 111.
Curioso que um grupo que elege a arquitetura como um dos elementos fundamentais da sua linguagem ainda não disponha de sede. É uma das prioridades.
Outra é a remontagem da trilogia bíblica, prevista para o segundo semestre. Fechará um ciclo e abrirá outro ainda desconhecido.
Antes, de 21 a 30 de junho, o Vertigem representa o país no Theatre der Welt, o Teatro do Mundo, conceituado festival trienal da Alemanha. Pela primeira vez, "Apocalipse 1,11" será encenado num presídio em atividade, desejo acalentado desde o início, quando os atores deram oficina no Carandiru. (VS)


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