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Grupo lida com risco e arte do precário
DA REPORTAGEM LOCAL
O que o move no Vertigem, diz
o ator Sergio Siviero, é a sensação
de fazer teatro sempre pela última
vez. É predispor-se ao precário, ao
risco, acrescenta Miriam Rinaldi.
"Somos raçudos", afirma a atriz,
enumerando hematomas e outras
aflições que vão pelo corpo e pela
alma de quem lida com o ofício.
Sentado no quintal do cadeião,
Roberto Audio costura uma peruca que pode ser da Besta ou do Senhor Morto. Ele reconhece "sofrimentos" na criação e na produção, mas tanto sorriso desperta
mais o sentido da brincadeira.
A aparência taciturna do Vertigem, por conta da temática, desmancha-se em poucos minutos de convivência. Em dia de estréia,
abortada na véspera por causa da
chuva, é o introspectivo Antônio
Araújo, bloco em punho, quem
solta gargalhadas sob nimbos.
O ator Joelson Medeiros assume
o lado místico e leva incenso aos
"camarins" improvisados em celas do corredor oposto ao que será
usado para a cena do massacre,
referência explícita à ação da Polícia Militar na Casa de Detenção de
São Paulo, em 2 de outubro de
1992, que matou oficialmente 111.
Curioso que um grupo que elege a arquitetura como um dos elementos fundamentais da sua linguagem ainda não disponha de
sede. É uma das prioridades.
Outra é a remontagem da trilogia bíblica, prevista para o segundo semestre. Fechará um ciclo e
abrirá outro ainda desconhecido.
Antes, de 21 a 30 de junho, o
Vertigem representa o país no
Theatre der Welt, o Teatro do
Mundo, conceituado festival trienal da Alemanha. Pela primeira
vez, "Apocalipse 1,11" será encenado num presídio em atividade,
desejo acalentado desde o início,
quando os atores deram oficina
no Carandiru. (VS)
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