São Paulo, segunda, 25 de maio de 1998

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TELEVISÃO
Ratinho foi autor indireto de "Por Amor"

TELMO MARTINO
Colunista da Folha

Foi o único assunto da semana. O fim da novela "Por Amor". Até o Ratinho fez questão de dizer que não gostou. Não admitiu, é claro, que foi o autor das cenas mais desnecessárias, apenas incluídas para desnortear os relógios de ouro da concorrência.
Manoel Carlos, o verdadeiro autor, foi só cuidados. Não deixou que a novela acabasse sem dar um destino digno para seus personagens. Virgínia (Ângela Vieira), a irmã tão caçula da Helena (Regina Duarte), deixou de ser apenas uma mulher abandonada por um marido que descobriu, na aposentadoria, os encantos dos rapazes do Leblon.
Encontrou um rapaz que procura um apartamento no bairro. Exatamente o que a Virgínia tem. É, então, afrodisíaco aquele famoso pôr-do-sol de tanto exagero no magenta?
A vilã Branca foi a única distração do autor. Ela foi vista aos beijinhos com o Atílio, ele insistente, como se quisesse descobrir o sabor dos novos lábios que o cirurgião plástico retocou. Dizem que seu castigo será uma rica solidão. Coitados dos dálmatas da Barra da Tijuca. Serão casacos no inverno e maiô muito inteiriço no verão.
Finalmente aquele diário, que parecia guardar tudo menos um vidro de xampu para cabelo muito oleoso, cumpriu sua finalidade. Atílio ganhou um filho e Eduarda um irmão também muito caçula. E a Laura (que solução drástica, seu Manoel), que tinha gêmeos, foi executada no mar de Angra. Só quem tirou proveito da execução foi o pai Trajano.
Como de hábito, Ricardo Petraglia é só um a mais. Mas nunca desperdiça o momento certo para lembrar o ator contundente que ele pode ser nos poucos instantes que ganha. Laura morreu na dor do pai. Nunca no mar.
Sempre faltarão as provas. Mas é quase certo que os capítulos que se seguiram à prisão do Nando (Eduardo Moscovis) foram escritos pelo Ratinho. Trocar o belo e feliz viver da Carolina Ferraz pelo dia-a-dia de Niterói foi astúcia de inimigo. Regina Braga e seu estilo ferro e fogo de representar são duros. Não desmancham nem na areia. E o Paulo José se tornou o ator que ninguém queria ver. Ele e sua filhinha tão profissional, toda A. A. em suas covinhas.
Atílio ganhou dois filhos. O Marcelinho nem vai crescer, mas o Murílio Benício é um alívio. Já cresceu e vai crescer muito mais ainda, em seu tipo muito novo de galã. Inteiramente desconhecido do Ratinho. Ao anunciar que a próxima novela, "Torre de Babel", será ainda pior, Ratinho mostrou uma descontrolada disposição de escrever.



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