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TELEVISÃO
Ratinho foi autor indireto de "Por Amor"
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Foi o único assunto da semana.
O fim da novela "Por Amor". Até
o Ratinho fez questão de dizer
que não gostou. Não admitiu, é
claro, que foi o autor das cenas
mais desnecessárias, apenas incluídas para desnortear os relógios de ouro da concorrência.
Manoel Carlos, o verdadeiro
autor, foi só cuidados. Não deixou que a novela acabasse sem
dar um destino digno para seus
personagens. Virgínia (Ângela
Vieira), a irmã tão caçula da Helena (Regina Duarte), deixou de
ser apenas uma mulher abandonada por um marido que descobriu, na aposentadoria, os encantos dos rapazes do Leblon.
Encontrou um rapaz que procura um apartamento no bairro.
Exatamente o que a Virgínia
tem. É, então, afrodisíaco aquele
famoso pôr-do-sol de tanto exagero no magenta?
A vilã Branca foi a única distração do autor. Ela foi vista aos
beijinhos com o Atílio, ele insistente, como se quisesse descobrir
o sabor dos novos lábios que o
cirurgião plástico retocou. Dizem
que seu castigo será uma rica solidão. Coitados dos dálmatas da
Barra da Tijuca. Serão casacos
no inverno e maiô muito inteiriço no verão.
Finalmente aquele diário, que
parecia guardar tudo menos um
vidro de xampu para cabelo muito oleoso, cumpriu sua finalidade. Atílio ganhou um filho e
Eduarda um irmão também muito caçula. E a Laura (que solução
drástica, seu Manoel), que tinha
gêmeos, foi executada no mar de
Angra. Só quem tirou proveito da
execução foi o pai Trajano.
Como de hábito, Ricardo Petraglia é só um a mais. Mas nunca
desperdiça o momento certo para
lembrar o ator contundente que
ele pode ser nos poucos instantes
que ganha. Laura morreu na dor
do pai. Nunca no mar.
Sempre faltarão as provas. Mas
é quase certo que os capítulos que
se seguiram à prisão do Nando
(Eduardo Moscovis) foram escritos pelo Ratinho. Trocar o belo e
feliz viver da Carolina Ferraz pelo dia-a-dia de Niterói foi astúcia
de inimigo. Regina Braga e seu
estilo ferro e fogo de representar
são duros. Não desmancham nem
na areia. E o Paulo José se tornou
o ator que ninguém queria ver.
Ele e sua filhinha tão profissional, toda A. A. em suas covinhas.
Atílio ganhou dois filhos. O
Marcelinho nem vai crescer, mas
o Murílio Benício é um alívio. Já
cresceu e vai crescer muito mais
ainda, em seu tipo muito novo de
galã. Inteiramente desconhecido
do Ratinho. Ao anunciar que a
próxima novela, "Torre de Babel", será ainda pior, Ratinho
mostrou uma descontrolada disposição de escrever.
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