São Paulo, Terça-feira, 25 de Maio de 1999
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CANNES
Imprensa critica prêmios a "L'Humanité"

Associated Press
Bruno Dumont, Severine Caneele e Emmanuel Schotte, de "L'Humanité"


AMIR LABAKI
em Cannes

A surpresa foi generalizada, a aprovação, nem tanto. Críticos europeus e americanos dividiram-se face à premiação do 52º Festival Internacional do Filme de Cannes do júri presidido por David Cronenberg.
A cisão principal deu-se entre a imprensa britânica e americana, de um lado, e o jornalismo espanhol, francês e italiano. A decisão desagradou aos primeiros e foi saudada pelo segundo grupo.
A polêmica maior nem foi causada pela atribuição pela Palma de Ouro ao drama belga "Rosetta", dirigido pelos irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne. A reação concentrou-se sobretudo na concessão de três prêmios (Grande Prêmio do Júri, melhor ator e atriz) ao drama policial francês "L'Humanité" (A Humanidade), dirigido por Bruno Dumont.
Janet Maslin, do "New York Times", considera a ampla premiação de "L'Humanité" um exemplo "de quão caprichosos prêmios podem ser". No "Los Angeles Times", Kenneth Turan classifica "Rosetta" como "um triunfo do cinema humanista", para em seguida falar que o júri "revelou sérios sinais de esquizofrenia ao conceder três prêmios ao filme francês".
Na revista "Variety", Todd McCarthy considera o resultado "o mais surpreendente -e perverso- na história recente". "Mas, se o prêmio para "Rosetta" foi um susto, as coisas se perderam com "L'Humanité" (...), a mais lenta investigação criminal já filmada."
Por sua vez, James Christopher confessa no jornal "The Times", de Londres, que a vitória de "Rosetta" o deixou "cambaleante", pois "os melhores filmes foram esnobados", citando "Todo sobre Mi Madre", de Almodóvar, "Felicia's Journey", de Atom Egoyan, e "The Straight Story", de David Lynch. "L'Humanité", para ele, é "enfurecedoramente pretensioso e completamente tolo".
O "Libération" considera o resultado "coerente, radical, engajado e exigente", embora reconheça que houve "demais para "L'Humanité", de menos para Almodóvar".
No jornal romano "La Repubblica", Natalia Aspesio fala também numa premiação "provocante, mas coerente", que "desafia todas as leis do mercado". Já no espanhol "El País", Ángel Fernández-Santos não poupa elogios a "Rosetta", mas metralha "L'Humanité" ("uma obra notavelmente bem-feita, mas repulsiva e tediosa").


O crítico Amir Labaki esteve em Cannes a convite da organização do festival.

O colunista José Simão está em férias.





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