São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 2002

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Escola da companhia tem alunos de SP

DA ENVIADA ESPECIAL A PARIS E BRUXELAS

As apresentações do grupo Rosas no Brasil, que integram a Série Antares Dança 2002, trazem um elenco renovado, que já conta com bailarinos formados na escola P.A.R.T.S, dirigida por Anne Teresa de Keersmaeker na área industrial de Bruxelas.
Em uma casa rodeada de verde, onde já funcionou uma lavanderia, alunos vindos de diversos países, inclusive o Brasil, perseguem um ideal lançado por Maurice Béjart e agora cultivado, com parâmetros próprios, por Keersmaeker. Como o antigo Mudra, P.A.R.T.S procura formar artistas completos, conscientes da tradição, mas capazes de expressar o mundo contemporâneo.
"Nosso currículo inclui extremos. Vai do balé clássico à dança pós-moderna", diz Theo Van Rompay, vice-diretor da P.A.R.T.S. Entre aulas práticas e teóricas, a escola também ensina teatro, música, técnicas de consciência corporal como ioga e tai-chi-chuan, além de disciplinas como história e sociologia.

Identidade artística
Segundo Rompay, a proposta da escola é oferecer ao aluno um amplo espectro de referências, em um ambiente onde ele possa desenvolver sua própria identidade artística, seja como bailarino ou coreógrafo.
Entre os cerca de 60 alunos que hoje frequentam a escola encontram-se dois paulistas: Cristian Duarte e Vânia Vaneau.
Duarte, que está terminando o curso, já conquistou a admiração de Rompay, que se refere com entusiasmo ao talento do brasileiro.
"O que realmente valeu a pena na escola foi a oportunidade de pesquisar meu próprio trabalho, sob a orientação de professores", diz Duarte. Como trabalho de fim de curso, ele criou uma coreografia que, com apoio da P.A.R.T.S., foi apresentada com sucesso em várias cidades belgas e que, se depender de Duarte, deverá ser vista em palcos brasileiros no próximo semestre.
Como Duarte, Vânia Vaneau também aprecia as múltiplas possibilidades que a escola belga proporciona. Filha da coreógrafa Célia Gouvea e do diretor teatral Maurice Vaneau, ela foi selecionada pela P.A.R.T.S. numa audição em Paris.
Para bolsos brasileiros, a manutenção financeira da escola belga não é das mais fáceis. Mediante a taxa anual de 2.500 euros (cerca de R$ 6.500), o aluno conta com aulas em período integral e alimentação no restaurante da instituição. "Moradia fica por conta do estudante", acrescenta Rompay.
Com a fundação da P.A.R.T.S., a tendência do grupo Rosas é valer-se de bailarinos formados na escola. No entanto, Keersmaeker afirma que essa não deve ser a finalidade dos estudantes. "Elenco e escola trabalham com independência, embora um estimule o outro." (AFP)



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