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A minibanda no megafestival
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Uma coisa é uma coisa e outra
coisa é outra coisa. Você tem
festivais com um nome de um lugar sendo realizado em outro. Você tem uma marca como a do Lollapalooza armando sua maior lista de atrações de todos os tempos
(Morrissey, Pixies, Sonic Youth,
PJ Harvey) e sendo cancelado por
causa da irrisória venda de ingressos. E você tem o Glastonbury.
A "Mãe de Todos os Festivais",
que é realizado a partir de hoje e
até domingo numa fazenda gigante da Inglaterra, nunca foi tão
badalada quanto neste ano.
Quando os 100 mil ingressos foram à venda, no primeiro dia de
abril deste ano, nenhuma de suas
quase 200 atrações estava oficialmente confirmada. Os rumores
eram de que Oasis e sir Paul
McCartney iriam se apresentar.
Cerca de dois milhões de pessoas tentaram comprar o ingresso
para o Glasto 2004 naquela semana de abril, na venda on-line ou
por telefone. No primeiro dia, foram vendidos 50 mil ingressos.
Isto é o Glastonbury. A maior
quantidade de gente acampada, o
maior índice de assalto e estupro
registrado em tendas dos festivais
da Europa, hordas de adolescentes já chegando segunda-feira para se instalar no camping quase
todo ano enlameado. E, de quebra, oito palcos com todas as tendências da música jovem.
Tem astros de rock antigo, de
rock muito antigo, de rock moderno, muito moderno, música
eletrônica, emo, baladeiros,
punks, disco velha (Sister Sledge!!), disco nova, vanguarda. E o
Oasis. E a English National Opera.
Em entrevista a este colunista,
nesta semana, Richard Hughes, o
baterista da banda inglesa Keane,
ainda uma minibanda na verdade, falou sobre ser uma atração no
Glastonbury. O Keane, nome novo que tem até seu bom disco recém-lançado no Brasil ("Hopes
and Fears"), usa em sua música
mais piano do que guitarra. E entra no filão baladeiro de Coldplay
e Travis, grosso modo.
"Não tenho dormido por causa
desse show de sábado [amanhã]
no Glastonbury", disse Hughes,
em um papo em meio à primeira
turnê da banda pelos EUA.
"Se pensar que há dois anos a
gente só ensaiava em um quarto e
hoje vamos tocar no Glastonbury,
é de enlouquecer. Eu já fui algumas vezes ao festival como fã. Tocar vai ser bizarro. O bom é que
nosso show é cedo, então vai dar
para ficar lá e ver várias atrações.
Queria acampar lá e não perder
nada nos três dias. Se no Brasil o
sonho de um jogador é fazer parte
da seleção, na Inglaterra o sonho
de qualquer músico é tocar no
Glastonbury ou no Reading."
The Cure no Brasil
Assim: The Cure velho no Brasil. E "The Cure" novo no Brasil.
O disco homônimo da banda do
nosso amigo Robert Smith, o 13º,
será lançado em São Paulo no
próximo dia 29, com um evento
na Fnac Pinheiros que inclui até
banda cover. Mas chega a informação que está acertada uma turnê do Cure real para o início de setembro, num giro latino que inclui México, Chile e Argentina.
O acerto de datas da turnê do
Cure, veja você, depende do... futebol. Os shows da turnê Cure
nesses países provavelmente serão em estádios, e na época haverá jogos das Eliminatórias da Copa. Uma outra possível boa notícia: O Cure vai passar agosto excursionando pelos EUA com seu
próprio festival, o Curiosa, que
conta com bandas mais novas: Interpol, Rapture, Mogwai, Muse e
Cooper Temple Clause.
Há a possibilidade de o Interpol
ou outro desses nomes virem com
o Cure pela América Latina.
lucio@uol.com.br
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