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cinema
CRÍTICA DRAMA
Campion narra com elegância a paixão impossível de Keats
A partir do diário da amante do poeta, Fanny Brawne, "Brilho de uma Paixão" reconstitui o amor de ambos
ALEXANDRE AGABITI
FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Figura central do romantismo, o poeta inglês John
Keats (1795-1821) só foi valorizado após a morte. Sua musa foi uma vizinha, a modista
Fanny Brawne, que amou
profunda e castamente em
uma Inglaterra puritana.
A história desse amor, vista pelos olhos de Fanny, é o
tema de "Brilho de uma Paixão", de Jane Campion.
Keats (Ben Wishaw) e
Brawne (Abbie Cornish) se
conheceram em 1818. Apesar
de culta, Fanny não gostava
de poesia. Keats sentia atração por ela, mas, no começo,
achava o comportamento dela demasiado altivo.
Outras coisas os separavam: ela vinha de família de
classe média, ele vivia na miséria; ela era saudável, ele foi
consumido pela tuberculose;
ela gostava de dançar e se divertir, ele era taciturno.
A aproximação foi gradual. Fanny descobriu a beleza dos versos dele, Keats
encontrou a musa que inspirou seus melhores poemas e
várias cartas de amor -incluídas no filme como se fossem diálogos dos amantes.
O maior mérito de Campion é narrar com elegância e
precisão. A paixão parece sufocada, evolui lentamente,
explode, mas logo cai em um
registro sombrio, frustrante
como o impasse em que vivem os amantes -que se limitam às carícias-, cujo
amor é condenado pela
doença do poeta e por sua
precária situação financeira.
Não é um acaso Campion
ter adotado o ponto de vista
de Fanny, afinal a obra da diretora está cheia de heroínas
fortes, ávidas de liberdade,
que desejam romper com o
universo machista.
O filme também reflete sobre a arte e sua relação com a
vida, como a arte se alimenta
das penas, alegrias e da própria paixão amorosa.
BRILHO DE UMA PAIXÃO
DIREÇÃO Jane Campion
PRODUÇÃO Austrália, França e
Reino Unido, 2009
ONDE Nos cines Bombril, Reserva
Cultural, Frei Canca e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom
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