São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2010

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cinema

CRÍTICA DRAMA

Campion narra com elegância a paixão impossível de Keats

A partir do diário da amante do poeta, Fanny Brawne, "Brilho de uma Paixão" reconstitui o amor de ambos

ALEXANDRE AGABITI
FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Figura central do romantismo, o poeta inglês John Keats (1795-1821) só foi valorizado após a morte. Sua musa foi uma vizinha, a modista Fanny Brawne, que amou profunda e castamente em uma Inglaterra puritana.
A história desse amor, vista pelos olhos de Fanny, é o tema de "Brilho de uma Paixão", de Jane Campion.
Keats (Ben Wishaw) e Brawne (Abbie Cornish) se conheceram em 1818. Apesar de culta, Fanny não gostava de poesia. Keats sentia atração por ela, mas, no começo, achava o comportamento dela demasiado altivo.
Outras coisas os separavam: ela vinha de família de classe média, ele vivia na miséria; ela era saudável, ele foi consumido pela tuberculose;
ela gostava de dançar e se divertir, ele era taciturno. A aproximação foi gradual. Fanny descobriu a beleza dos versos dele, Keats encontrou a musa que inspirou seus melhores poemas e várias cartas de amor -incluídas no filme como se fossem diálogos dos amantes.
O maior mérito de Campion é narrar com elegância e precisão. A paixão parece sufocada, evolui lentamente, explode, mas logo cai em um registro sombrio, frustrante como o impasse em que vivem os amantes -que se limitam às carícias-, cujo amor é condenado pela doença do poeta e por sua precária situação financeira.
Não é um acaso Campion ter adotado o ponto de vista de Fanny, afinal a obra da diretora está cheia de heroínas fortes, ávidas de liberdade, que desejam romper com o universo machista.
O filme também reflete sobre a arte e sua relação com a vida, como a arte se alimenta das penas, alegrias e da própria paixão amorosa.


BRILHO DE UMA PAIXÃO

DIREÇÃO Jane Campion
PRODUÇÃO Austrália, França e Reino Unido, 2009
ONDE Nos cines Bombril, Reserva Cultural, Frei Canca e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom



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