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Bailarinos que participam da 16ª edição do Festival de Dança de Joinville

ANA FRANCISCA PONZIO
especial para a Folha

Chocolates em forma de sapatilhas, balé como temática predominante na decoração de lojas e shopping centers e imagens gigantes de bailarinos ilustrando outdoors fazem com que a cidade catarinense de Joinville se volte inteiramente para seu festival de dança, que acontece todo mês de julho.
Inaugurado no último dia 17, o 16º Festival de Dança de Joinville agita sua pacata, hospitaleira e próspera cidade até o próximo dia 29.
Mobilizando a população, que se prepara previamente para receber os visitantes, o evento trouxe neste ano, para a cidade, 6.500 participantes, dos quais 5.000 são bailarinos de diferentes pontos do Brasil, somados a professores e profissionais de dança.

Recorde
Tanta gente faz do festival o maior do mundo em matéria de quantidade de bailarinos reunidos num único evento.
Até o "Guiness - O Livro dos Recordes" já registrou o fato, o que vem dando margem a apelos megalomaníacos difundidos pela organização do evento.
"O festival do século", como vem sendo divulgado neste ano, é rótulo conveniente politicamente, mas não para o festival em si, que acaba despertando desconfiança entre os que entendem do assunto. Sem contar os equívocos que apelos desse tipo podem suscitar em platéias e estudantes de dança em formação.
Enfim, são as estratégias de marketing e os números acumulados nos 16 anos de realização que permitem ao Festival de Dança de Joinville contar, hoje, com um orçamento de US$ 3 milhões, o equivalente do custo da Bienal de Dança de Lyon, que acontece na França.
O curioso, com relação ao Festival de Dança de Joinville, é que sua programação não reúne artistas consagrados, mas sim aspirantes a bailarinos, cujas performances, no entanto, são tratadas como uma espécie de festa de entrega do Oscar no cinema.
Suas longas e estafantes noites de apresentações, que começam às 19h30 e podem terminar na madrugada do dia seguinte, são transmitidas passo a passo por televisão a cabo local, com os habituais comentários inúteis que são feitos durante os intervalos.

Exercício
Para os bailarinos brasileiros, principalmente os que estudam balé clássico, o festival funciona como um exercício de palco, cercado de prós e contras.
Sua progamação, atualmente organizada por Karen Busch, coordenadora técnica do festival, surge a partir de inscrições prévias de escolas de todo o país, posteriormente selecionadas por um júri.
Neste ano, foram enviadas 783 fitas de vídeo para avaliação. Os 170 grupos selecionados, que representam 12 estados brasileiros e dois países do Mercosul (Paraguai e Argentina), participam do evento como competidores em diferentes modalidades.

Balé clássico
O forte do festival, entretanto, é o balé clássico. Com a falta de companhias no Brasil e as dificuldades de apresentação, o festival de Joinville se tornou um espaço disputado por escolas e bailarinos.
Para participar, cada bailarino paga uma taxa de R$ 30, que lhe dá direito a alojamento, descontos em refeições e entrada gratuita nos espetáculos.
Foram as taxas pagas por escolas e alunos que puderam viabilizar financeiramente o evento quando ele foi inaugurado.
Ainda hoje esses pagamentos continuam fazendo parte da receita do festival.

Trabalho voluntário
O ambiente favorável da cidade também contribui para o sucesso do empreendimento.
A população, simpática e prestativa, se dispõe a trabalhar voluntariamente.
Entre as 800 pessoas que prestam serviços de apoio, cerca de 500 são voluntárias, que não recebem qualquer forma de pagamento.
Sendo época de férias, há professores trabalhando como relações públicas e cuidando, com muita eficiência, de tarefas como o transporte de professores e convidados.
Contando com tanta boa vontade, os organizadores podem apresentar bons resultados.