São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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CINEMA EM PÍLULAS

Festival de Curtas promove a 1ª edição do MicroMovie Award, com filmes registrados nos aparelhos

Cineastas trocam câmera por celulares

Divulgação
O personagem Antonio, da animação argentina "Viagem a Marte', que participa do 16º Festival Internacional de Curtas de São Paulo


ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Parodiando o cinema novo, já é possível registrar uma "idéia na cabeça" tirando uma câmera do bolso. Pelo menos é isso o que prometem os modelos de celulares de última geração -disponíveis ainda para bem poucos-, que já trataram de emplacar também seus festivais de cinema.
Aqui no Brasil, uma dessas mostras ocorre dentro da programação do 16º Festival Internacional de Curtas-Metragens, que recebe o 5º MicroMovie Award, evento internacional promovido pela Siemens, que realizou edições anteriores em Berlim (Alemanha) e Melbourne (Austrália).
"Há um interesse do festival [de curtas] de dialogar com novas tecnologias do audiovisual", explica Dennison Ramalho, 31, coordenador do projeto.
Para colocar a idéia em prática, 40 aparelhos Siemens SX 1 foram distribuídos para dez cineastas, entre eles, Ana Luiza Azevedo, Arthur Omar, Kiko Goifman, Paulo Sacramento e Tata Amaral. Além deles, alunos de escolas de cinema e de oficinas de audiovisual receberam os celulares.
As mesmas regras valiam para todos: os filmes deveriam durar 90 segundos, e as imagens, ser integralmente captadas com o aparelho de celular.
De 50 filmes, dez foram selecionados pela comissão do festival alemão Interfilm Berlim. O vencedor, que será escolhido por voto popular durante as sessões no Festival de Curtas e pelo site www.micromovie-award.com, recebe um prêmio de 1.000.
"O interessante é que eles não sabiam quais filmes eram de cineastas ou de estudantes", conta Ramalho, ele próprio um dos diretores selecionados. "Todos foram submetido às mesmas carências e limitações."
Além de Ramalho, autor de "Não Coma Demais Antes de Dormir", entre os dez finalistas estão os cineastas Arthur Omar ("Beijo! Novos Órgãos") e Kiko Goifman ("Bianca Faz a Dutra"). O restante vem de faculdades de cinema; um deles, "Vê se Não Esquece", é de Negro JC, aluno de uma oficina de Cidade Tiradentes. Todos estão no site.
Apesar das limitações da câmera do celular, os resultados são bem interessantes, como o belo trabalho de Arthur Omar, praticamente uma videoarte. "Não fiz para ser exibido no celular", explica Omar. "Fiz pensando em usar a baixa resolução do celular explodida na tela grande, criando uma desconstrução visual."
Em uma montagem que ele considerou "complexa", Omar utilizou cenas de pessoas se beijando para criar imagens ambíguas, que se assemelham a órgãos sexuais. Ainda que tenha gostado da experiência -as sete versões do vídeo devem fazer parte de um DVD-, Omar acha que seria um "delírio" fazer um filme com o celular. "Seria um mico sair com um roteiro para filmar, fazer decupagem. Perdi muitas imagens por limitações desse aparelho", diz ele.
Goifman, que registrou o depoimento de um travesti na rodovia Dutra, utilizou as limitações do celular para criar texturas. "O celular cabe na palma da mão e permite uma liberdade de movimentos impensável com um tipo de câmera mais pesada", afirma.
Além dos selecionados, nas sessões do Festival de Curtas serão exibidos trabalhos não escolhidos e também de outros países.

MicroMovie Award
Quando:
de 26/8 a 2/9
Onde: Salas Cinemateca, 26/8, às 18h; CineSesc, 30/8, às 20h; Cinusp, 31/8, às 19h; e Faap, 2/9, às 11h
Quanto: entrada franca


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