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Comentário
Pizzicato Five liderou nova onda japonesa
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando surgiu para os ocidentais, em 1994, o Pizzicato
Five reforçou estereótipos japoneses e ajudou a colocar o
país no mapa da música pop.
Exagero? Claro que Ryuichi Sakamoto e Yoko Ono já estavam
lá antes, mas foi o videoclipe de
"Twiggy Twiggy" que colocou o
Japão em alta rotação na MTV
-quando isso significava algo.
Para os antenados e descolados, "Twiggy Twiggy" causou
mais estrago que o Godzilla e o
Pokémon juntos. A música, por
si só, já era uma delícia e colocava o kitsch, a bossa nova, o tema de James Bond e indecifráveis letras em japonês tudo no
mesmo saco. Mas foi visualmente que o clipe do P5 (como
eram conhecidos) conquistou
seu público: dois japoneses sérios, que parecem ter saído bêbados do expediente, e uma japonesa estilosa e magérrima fazendo dancinhas estúpidas.
Estava tudo lá. Fascínio extremo pelo visual e pela moda
(nomes de modelos famosas,
como Twiggy e Cindy, aparecem pela tela); uma ingenuidade infantil misturada com uma
falta de noção sobre o que é ridículo ou não; um fascínio pelo
Ocidente (EUA em particular).
Faziam, assim, valer o clichê
de que os japoneses criam uma
identidade a partir da recombinação e exacerbação de códigos
externos. Na época, a Matador
Records, mítica gravadora norte-americana especializada em
bandas indies, lançou seus discos. No Brasil, uma leva de CDs
foi lançada pela Trama.
Foi um período fértil para o
pop japonês moderno. Cornelius, Shonen Knife e Cibo Matto estavam dando as caras por
aqui: eram os anos 90 da "explosão" indie. Mas, assim como
no futebol, essa vertente musical japonesa não emplacou de
vez no Ocidente.
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