São Paulo, terça, 25 de agosto de 1998

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VIOLÊNCIA
Segundo o médico Jorge Pagura, ator pode estar assim devido ao efeito residual dos sedativos que recebeu
Ator fica em coma mesmo sem sedativo

RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local

O ator Gerson Brenner, internado há oito dias na Unidade de Terapia Intensiva do hospital Albert Einstein, continuava em coma ontem à tarde, apesar de a equipe médica ter suspendido a sedação do paciente.
Segundo o neurocirurgião Jorge Pagura, que operou o ator duas vezes nesse período, o paciente ainda poderia permanecer em coma devido ao efeito residual dos sedativos que recebeu.
Pagura disse que a dosagem de medicamentos que o ator recebeu a partir da quarta-feira passada, quando os médicos constataram elevação da pressão intracraniana, foi muito elevada, na tentativa de controlar o problema.
"Uma parte dos sedativos pode ficar armazenada na gordura do corpo e ser liberada gradualmente após cessada a sedação", disse o neurocirurgião Oreste Lanzoni, coordenador do Pronto-Socorro de Neurocirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Segundo Lanzoni, após terminado esse efeito residual dos sedativos, o ator deverá retomar a consciência. Se isso não ocorrer, pode significar que as lesões são extremamente graves.

Atividade cerebral
"Foi usada uma dosagem de supressão das ondas cerebrais. O nível de atividade do cérebro foi mantido o mais baixo possível, suficiente apenas para manter o paciente vivo", disse Pagura.
A sedação diminui a atividade das células do cérebro e reduz as chances de haver edema (inchaço), o que causa aumento da pressão dentro do crânio.
O aumento da pressão intracraniana dificulta a circulação de sangue no cérebro e, em casos extremos, pode levar à morte.
Anteontem, a equipe de Pagura teve de operar o ator novamente porque, apesar do nível de sedação do paciente e do uso de outros recursos, como hiperventilação (aumento da quantidade de oxigênio fornecida ao paciente), a pressão intracraniana estava fugindo ao controle dos médicos.
"A cirurgia foi necessária porque o risco de perder o controle sobre a pressão era iminente. Mas a operação foi realizada no momento certo", disse Pagura.
Ontem, houve um novo episódio de elevação da pressão, mas ela foi rapidamente controlada e permaneceu em níveis normais, segundo o boletim médico que foi divulgado pelo hospital.
De acordo com a avaliação de Pagura, a evolução do estado de saúde de Brenner está dentro do que se espera em um caso grave, como o de ferimento por tiro.
Segundo Pagura, ainda seria necessário esperar entre 48 e 72 horas para que a pressão se estabilizasse. Tanto Pagura quanto Lanzoni disseram que o mais importante no momento é salvar a vida do paciente.



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