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ILUSTRADA
Escritora tinha 69 anos e ficou famosa por descrever a burguesia francesa da década de 50 e pelo estilo de vida boêmio
Morre Françoise Sagan, autora de "Bom Dia, Tristeza"
DA REDAÇÃO
Morreu ontem, aos 69 anos, a
francesa Françoise Sagan, autora
de "Bom Dia, Tristeza", considerada um dos ícones dos intelectuais da década de 50 e símbolo
do estilo boêmio que retratou em
muitos de seus livros.
Sagan, cujo nome verdadeiro
era Françoise Quoirez, morreu
em decorrência de problemas
cardio-respiratórios em um hosital de Honfleur, no norte da França, onde havia passado os últimos
dias ao lado de seu filho.
Sagan publicou "Bom Dia, Tristeza" (1954) aos 18 anos e tirou seu
pseudônimo de um personagem
de "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Proust. Em seu livro, descrevia o plano de uma garota de 17 anos para impedir a
união entre seu pai e a amante. A
trama foi escrita por Sagan em
apenas sete semanas e logo se tornou um sucesso, vendendo mais
de 4 milhões de exemplares e sendo traduzido em 22 idiomas.
O êxito da obra foi creditado à
construção feita por Sagan de personagens amorais e entediados
em um ambiente burguês. "Bom
Dia, Tristeza" -que foi adpatado
para o cinema em 1958 por Otto
Preminger e tinha Deborah Kerr e
David Nieven como protagonistas- influenciou toda uma geração de mulheres escritoras.
Estilo de vida
Sagan levou um estilo de vida
que em vários aspectos se assemelhava ao de seus personagens.
Nascida em uma família rica de
Cajarc (sul da França), a escritora
era notada na escola pela sua "falta de esforço" e não concluiu seu
curso na Universidade de Sorbonne. Após passar o ano de 1951
em clubes de jazz do bairro parisiense de Saint Germain des Prés,
se vinculou a Juliette Gréco, Jean-Paul Sartre e outros intelectuais
do período.
À época da publicação de "Bom
Dia, Tristeza", Sagan recebeu 500
mil francos de sua editora e recebeu o seguinte conselho de seu
pai: "Gaste tudo". "Entrei em um
período em que tudo era possível", disse a escritora, que se tornaria conhecida por freqüentar
cassinos -a ponto de ser banida
de alguns deles- e pela paixão
por carros velozes como Jaguar,
Aston Martin e Maserati, que levou-a a um grave acidente automobilístico em 1957. Mesmo assim comentou certa vez que a direção "é um prazer, uma diversão
louca. É físico, nervoso, tonificante e extremamente alegre".
Quando tinha 50 anos, dizia que
odiava que se dirigissem a ela como "um tio benévolo fala com
uma sobrinha". Foi casada duas
vezes, com seu editor Guy Schoeller e com o escultor norte-americano Robert Westhoff, com quem
teve um filho, Denis. Em 1995, foi
condenada a um ano de prisão
por posse de cocaína. Em 2002, foi
sentenciada a mais um ano de prisão por fraudar o fisco em cerca
de US$ 723 mil.
Autora de mais de 50 livros, a
maioria romances, Sagan nunca
venceu prêmios literários importantes. Também escreveu peças,
roteiros de cinema e criou cenários para balés. Outras obras que
se destacam em sua carreira estão
"Aimez-vous Brahms?" (Você
ama Brahms?) e "Certain Sourire"
(Um Certo Sorriso).
O presidente da França, Jacques
Chirac, declarou que "com sua
morte, o país perde uma de suas
mais brilhantes e sensíveis escritoras -uma figura eminente de
nossa vida literária. (...) Françoise
Sagan, uma atriz de seu tempo,
contribui para o desenvolvimento
do papel da mulher em nosso
país". O primeiro-ministro francês, Jean Pierre Raffarin, afirmou
que "Sagan era um sorriso -triste, enigmático, distante e ainda
sim luminoso".
Com agências internacionais
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