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Érika Machado traz referências lúdicas para seu primeiro disco
Cantora brinca com jogos de palavras, permeados por efeitos eletrônicos
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um de seus principais trabalhos, a artista
plástica mineira Érika
Machado, 29, confeccionou
"fabriquetas", moedas fictícias
que tentou colocar em circulação em Belo Horizonte. Havia
um quê de lúdico nessa intervenção urbana que questionava
o valor da própria arte.
A proposta está também em
"No Cimento", disco de estréia
de sua faceta cantora e compositora, produzido por John
Ulhoa, do Pato Fu, e que terá
show de lançamento amanhã.
"Não tento dividir meu trabalho entre artes plásticas e
música. A idéia das coisas é o
que me interessa. Tudo é uma
coisa só, não penso no suporte."
O próprio surgimento da Érika cantora veio por acaso, um
desdobramento de um trabalho coletivo feito em 2003 com
outros 11 artistas, onde criaram
um jornal distribuído pela cidade. Nele, cada integrante notificava qual seria sua intervenção.
Érika decidiu gravar um "disquinho", que distribuiu para
camelôs. Gravou e vendeu 750
do EP "O Baratinho", feito de
forma artesanal. "Não pensava
na música como algo profissional, era mais um disco-objeto."
Empolgada, passou a fazer
shows e conheceu Ulhoa.
Não só devido ao produtor,
"No Cimento" lembra o pop do
Pato Fu. Há a aproximação com
o universo infantil, seja nas
canções repletas de efeitos eletrônicos que remetem a videogames, seja nos jogos de palavras das letras, mergulhadas
numa poética de quem vê o
mundo com olhos ingênuos.
"Falo de coisas do meu dia-a-dia, do meu olhar sobre o mundo. É como quando olhamos
um objeto muito de perto, e a
visão começa a mudar. Quanto
mais pontos-de-vista tivermos
sobre algo, melhor." Érika cita
como influências o japonês
Cornelius e os brasileiros Arnaldo Antunes e Karnak.
Assim como no seu trabalho
em artes plásticas, Érika confunde o olhar do público, que
num primeiro momento mais
desatento, vê apenas uma proposta de brincadeira infantil, e
não uma reassociação de códigos e mitos infantis.
Nesse jogo de colocar o infantil no mundo adulto, Érika
surge sábia como a criança que
pergunta para o pai por que o
céu é azul. Há aqueles que simplesmente ignoram a pergunta
e outros que buscam boas respostas. "No Cimento" tem a
mesma capacidade de incomodar, maravilhar e surpreender.
NO CIMENTO
Artista: Érika Machado
Lançamento: Indie Records
Quanto: R$ 29, em média
Show: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel.
3871-7700); amanhã, às 21h; grátis
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