São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Érika Machado traz referências lúdicas para seu primeiro disco

Cantora brinca com jogos de palavras, permeados por efeitos eletrônicos

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um de seus principais trabalhos, a artista plástica mineira Érika Machado, 29, confeccionou "fabriquetas", moedas fictícias que tentou colocar em circulação em Belo Horizonte. Havia um quê de lúdico nessa intervenção urbana que questionava o valor da própria arte.
A proposta está também em "No Cimento", disco de estréia de sua faceta cantora e compositora, produzido por John Ulhoa, do Pato Fu, e que terá show de lançamento amanhã.
"Não tento dividir meu trabalho entre artes plásticas e música. A idéia das coisas é o que me interessa. Tudo é uma coisa só, não penso no suporte."
O próprio surgimento da Érika cantora veio por acaso, um desdobramento de um trabalho coletivo feito em 2003 com outros 11 artistas, onde criaram um jornal distribuído pela cidade. Nele, cada integrante notificava qual seria sua intervenção.
Érika decidiu gravar um "disquinho", que distribuiu para camelôs. Gravou e vendeu 750 do EP "O Baratinho", feito de forma artesanal. "Não pensava na música como algo profissional, era mais um disco-objeto." Empolgada, passou a fazer shows e conheceu Ulhoa.
Não só devido ao produtor, "No Cimento" lembra o pop do Pato Fu. Há a aproximação com o universo infantil, seja nas canções repletas de efeitos eletrônicos que remetem a videogames, seja nos jogos de palavras das letras, mergulhadas numa poética de quem vê o mundo com olhos ingênuos.
"Falo de coisas do meu dia-a-dia, do meu olhar sobre o mundo. É como quando olhamos um objeto muito de perto, e a visão começa a mudar. Quanto mais pontos-de-vista tivermos sobre algo, melhor." Érika cita como influências o japonês Cornelius e os brasileiros Arnaldo Antunes e Karnak.
Assim como no seu trabalho em artes plásticas, Érika confunde o olhar do público, que num primeiro momento mais desatento, vê apenas uma proposta de brincadeira infantil, e não uma reassociação de códigos e mitos infantis.
Nesse jogo de colocar o infantil no mundo adulto, Érika surge sábia como a criança que pergunta para o pai por que o céu é azul. Há aqueles que simplesmente ignoram a pergunta e outros que buscam boas respostas. "No Cimento" tem a mesma capacidade de incomodar, maravilhar e surpreender.


NO CIMENTO    
Artista:
Érika Machado
Lançamento: Indie Records
Quanto: R$ 29, em média
Show: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700); amanhã, às 21h; grátis


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