O último dia da semana de moda de Nova York teve a apresentação dos desfiles de três gigantes do sportswear americano: pela manhã, Ralph Lauren; à tarde, Calvin Klein; à noite, foi a vez de Tommy Hilfiger.
A convergência deu um final grandiloquente à temporada, que foi marcada pelo otimismo, nas passarelas. Nas ruas, no entanto, a situação é mais complicada, com os americanos ainda contando seus vinténs na hora de consumir e tentando resolver os impasses gerados pela crise econômica.
Lauren e Hilfiger, pesadas as diferenças, mostraram coleções dignas do prestígio que acumulam, muito corretas, mas sem surpresas. A Calvin Klein, por outro lado, é hoje a grife americana mais empenhada em explorar novos territórios da moda -o que tem conseguido graças ao trabalho do estilista Francisco Costa.
Brasileiro que vive há décadas nos EUA, Costa, por sinal, foi um dos ganhadores neste ano do National Design Award, que tem como madrinha Michele Obama.
A nova coleção do estilista para a Calvin Klein teve origem, segundo ele próprio, no trabalho da artista californiana Fern Jacobs, que costuma criar cestos de formas inusitadas. Em termos de silhueta, a coleção, porém, se inspirou na camiseta, esse clássico maior do repertório sportswear.
Desta vez, Costa explorou menos a arquitetura das roupas e mais a "iluminação" provocada pelas cores (como os efeitos do branco sobre o branco), a força "gestual" de uma pincelada grossa de tinta usada como estampa (em tecidos sofisticados, que lembram telas de pintura) ou a expressividade escultórica das texturas (relevos, nervuras e desfiados).
Foi a melhor coleção vista em Nova York, pelo arrojo e pela inteligência. Foi também uma das mais comerciais já feitas por Costa -suas ousadias quase passam despercebidas, enquanto admiramos a elegância leve, esportiva e muito contemporânea dos looks.


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