São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ana de Hollanda mostra lado compositora em quarto disco

Cantora diz que é chato ser chamada apenas de "irmã do Chico Buarque"

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

As três músicas com sua assinatura incluídas em "Um Filme" (2001) não ficaram como casos isolados na carreira de Ana de Hollanda. Deram à cantora coragem para gravar 14 letras próprias em "Só na Canção", seu novo CD. Assumir essa empreitada apenas aos 62 anos, tendo sempre gostado de escrever, tem algo a ver com o fato de ser irmã de Chico Buarque. "Isso inibiu, sem dúvida. Era um parâmetro complicado.
Mas chegou uma hora em que comecei a mostrar. Só o que pode atrapalhar são os outros", diz ela, referindo-se aos que a chamam apenas de "irmã do Chico". "É muito chato", diz.
Ana não é conhecida pelo chamado grande público porque não tenta cativá-lo a qualquer custo. "Só na Canção" é somente seu quarto disco. Todos foram lançados por pequenas gravadoras que a deixaram cantar à sua maneira -com voz pequena e técnica apurada- o repertório que quisesse.
"Meu disco não é o de uma cantora novata. Não é música de dançar, com braço para cima. São coisas mais calmas, porque eu sou mais intimista. Não sei fazer funk. São as melodias da minha praia. Minha escola foi João Gilberto, Nara Leão", ressalta ela. Feitas com antigos amigos como Nivaldo Ornelas, Helvius Vilela e Lucina, as composições têm toques autobiográficos.
Exemplos: "Canção para Aninha", parceria com Jards Macalé, é dedicada à neta da cantora; "Beija-flor, Colibri" (com Novelli) tem alusões à infância e fala na "velha Buri", referência à rua paulistana em que ela cresceu com a família. Como o irmão, Ana não faz letras antes das melodias e busca escrever o que o compositor quis expressar com a música.
"Tento traduzir o que está na melodia. E fico muito acanhada de mostrar a letra para o autor [da música]. Fico me perguntando: por que é preciso ter letra se a melodia é tão bonita? Mas, se me deram, é porque querem letra", diz ela, cuja delicadeza resulta em versos tristes como os de "Novo Amigo", mas também nas do leve bolero "Que me Tira o Juízo".


SÓ NA CANÇÃO

Artista: Ana de Hollanda
Gravadora: CPC-Umes
Quanto: R$ 22, em média




Texto Anterior: Nestrovski lança livros de crítica e obra infantil
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.