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televisão
Diretor quer novela "densa" para alavancar ibope às 18h
"Araguaia" será a primeira trama da Globo no horário em alta definição
Conceito de Gilberto
Freyre embasa história,
passada às margens do
rio, de família marcada
por maldição indígena
MARCELO BORTOLOTI
DO RIO
O diretor Marcos Schechtman é um entusiasta do seu
trabalho. Quando está na ativa, dorme três horas por dia.
Ao falar dele, cita de Nietzsche a Gilberto Freyre. Isso
porque o assunto é uma novela das seis.
"Araguaia", dirigida por
ele, estreia na segunda com
uma particularidade: é a primeira novela da Globo das
seis em alta definição.
A presença de Schechtman, que tem status de diretor "das oito" -seus últimos
trabalhos foram "Caminho
das Índias" e "América"- indica uma maior atenção dada pela emissora à faixa.
Embora seja escrita pelo
decano Walter Negrão, autor
típico de folhetins das seis, as
primeiras imagens de "Araguaia" mostram uma sofisticação acima da média. Parte
da explicação pode estar no
fato de as audiências das três
novelas noturnas da emissora estarem mais próximas.
Em junho, "Escrito nas Estrelas", das seis, chegou a bater "Passione", das oito. Hoje, a média da primeira é de
29 pontos, não tão longe dos
35 da segunda (cada ponto
equivale a 60 mil domicílios
ligados na Grande SP).
RURBANO
Graduado em ciências sociais e filosofia pela UFRJ,
Schechtman é um intelectual. Estreou na TV fazendo
uma adaptação da "Comédia
Humana", de Balzac. Empreendimento que, naturalmente, nunca vingou.
Agora, além de refinamento estético, quer dar mais
densidade ao horário.
Para caracterizar o ambiente de "Araguaia", vale-se
do conceito "rurbano", termo que o antropólogo Gilberto Freyre aportuguesou do
inglês "rurban". A expressão
indica um tipo de sociedade
intermediária que concilia
aspectos contraditórios de
uma vida rural e urbana.
"O interior projetado na
nossa literatura não é o que
existe na prática. Encontrei
na região fazendeiros que
passavam o fim de semana
em Nova York", diz.
A trama gira em torno de
uma família marcada por
uma maldição indígena que
condena à morte todos os
descendentes homens que
vivem próximos ao rio.
Tem ingredientes políticos. Inclui, por exemplo,
uma cidadezinha socialista
construída por um líder comunitário. Também faz referência à guerrilha do Araguaia, ocorrida durante a ditadura militar.
Os críticos podem argumentar que a proposta parece uma versão melhorada de
"Pantanal", sucesso da extinta TV Manchete, igualmente com cenas exuberantes de natureza, gravadas no
Mato Grosso do Sul.
O diretor nega as semelhanças: "O Brasil não conhece o rio Araguaia. É a última fronteira que ainda não
foi mostrada na televisão".
NA TV
Araguaia
Estreia da nova novela das seis
QUANDO a partir de segunda na
Globo
CLASSIFICAÇÃO não informada
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