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Festival do Rio abre em tom celebratório
Cerimônia de inauguração da mostra de cinema foi repleta de afagos à cidade e aos patrocinadores do evento
Críticas limitaram-se à reforma da lei de direito autoral; "A Suprema Felicidade", de Jabor, foi exibido na sessão
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Foram tantos e tão enfáticos os agradecimentos que
um estrangeiro presente no
Cine Odeon sairia dali convicto: o Rio de Janeiro está
mais lindo que nunca.
A abertura do Festival do
Rio, na noite de anteontem,
teve um tom celebratório.
Após a passagem de famosos e não tão famosos assim
pelo tapete vermelho estendido na Cinelândia, o ator
Milton Gonçalves abriu a cerimônia com loas à cidade e
ao festival que, até o dia 7,
exibirá cerca de 350 filmes.
Os primeiros a subir ao
palco foram os patrocinadores que garantiram o orçamento de R$ 8 milhões.
O diretor da RioFilme, Sérgio Sá Leitão, representante
do prefeito Eduardo Paes,
usou o microfone para fazer
um autoelogio à prefeitura,
"parceira" do festival.
Os afagos aos "patrocinadores, parceiros e equipe" tiveram seguimento nas falas
das diretoras do evento, Ilda
Santiago e Walkyria Barbosa.
Em meio à chuva de elogios, alguns recados políticos foram colocados numa
frase genérica de Barbosa.
Ao lembrar que o Festival
começava poucos dias antes
da eleição, ela defendeu "o
combate à pirataria e a propriedade intelectual".
Enquanto o Rio era incensado, o governo federal foi alfinetado por meio da reforma
da lei do direito autoral, em
curso no Ministério da Cultura. "Queremos ter a liberdade
de fazer documentários sobre qualquer personagem",
disse Barbosa. O texto, ao
que consta, não traz tal impedimento.
JABOR ROMÂNTICO
A celebração em torno do
"novo Rio" foi também o mote da estrela da noite, Arnaldo Jabor, que apresentou "A
Suprema Felicidade".
O filme, seu retorno ao cinema depois de 20 anos, é
um retrato "romântico", em
suas próprias palavras, do
Rio da década de 40.
"Há uma visível renascença cultural nesta cidade",
disse o cronista sempre pronto a criticar tudo e todos. "Depois de anos governado por
canalhas, o Rio está renascendo."
Enquanto pela tela do
Odeon entupido corriam as
imagens de um Rio afável, fora da sala os organizadores
comentavam o sufoco que
passaram para acomodar os
convidados.
Até poucas horas antes do
início da abertura, havia gente sem teto e sem cama. Simplesmente, não há vagas na
rede hoteleira da cidade.
"Não sei... Está assim desde o
fim da Copa", diz o concierge
de um hotel. "Por estes dias,
teve dois eventos grandes.
Um acabou ontem e o outro
eu não sei qual é."
As explicações são todas
mais ou menos assim.
A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a
convite do Festival
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