São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2000

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SHOW/CRÍTICA
O Beck "perdedor" ganha do Beck "vencedor"

DA REPORTAGEM LOCAL

Nome forte na seleta lista do último Reading Festival, em agosto, o astro americano Beck na verdade faltou ao show. Em seu lugar, para entreter uma platéia que esperava ansiosamente a festejada volta do Pulp, mandou uma caricatura de Beck.
Em seus 50 minutos de show, apenas lampejos do "velho" Beck, aquele da geração "loser", orquestrador esperto da mistura do folk com música indie baseada nas guitarras, o que desafiava a matá-lo aqueles que o consideravam um perdedor.
Mas o que predomina no palco agora é o Beck "vencedor", o pós-"Odelay" (1996), o que passeia pela tropicália, o que faz uns funks "mais elaborados".
Beck é/está um showman. Corre tanto no palco para entreter a platéia que fica sem fôlego para cantar o refrão de seus deliciosos hits, como "Beercan", "Devils Haircut", "The New Pollution".
O show do Reading baseou-se metade no seu mais recente disco, "Midnite Vultures", metade em seus hinos indies. É um setlist equivalente ao que Beck afirma preparar para o Rock in Rio 3.
Na primeira parte, a impressão que se tinha era a de estar em uma gigante e pálida festa funk. As boas "Sexx Laws" e "Mixed Bizness", do disco de 1999, ficam insossas ao vivo.
Na etapa que leva Beck de volta à era "Odelay", o show decola, fica animado, o público chacoalha, mas aí o cantor já mostra cansaço por causa das estrepolias demandadas pela função de showman.
Tomara que o Beck que venha ao Brasil em janeiro seja o "perdedor", com cara de bobo e mais concentrado em seu folk noise, aquele do tempo em que era pobre e fazia discos de 1999.
Não esse Beck "vencedor", muito mais rico, tido como "gênio" alternativo, que "fura" em shows brasileiros e adia entrevistas umas cinco vezes. (LR)


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