São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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LIVROS

Chave do êxito de autor sueco está no otimismo

Opinião é de Marc de Gouvenain, tradutor e editor da trilogia "Millennium" na França

Nos EUA, 1º livro da série de Stieg Larsson está na lista de mais vendidos do "New York Times'; museu sueco faz "tour" inspirado nas obras

DA REPORTAGEM LOCAL

A editora sueca Eva Gedin conta que a França foi um dos países que mais cedo se animaram com a publicação da trilogia "Millennium", de Stieg Larsson. As vendas no país já ultrapassaram a marca dos 2 milhões de exemplares.
Marc de Gouvenain, editor da Actes Sud especializado em literatura sueca e co-tradutor da trilogia, ouviu falar pela primeira vez dos livros em dezembro de 2004, um mês após a morte de Larsson. Para ele, "Millennium" não teria se tornado best-seller se os livros não fossem bons.
"E tratam-se de bons livros porque tudo neles é contemporâneo e o leitor encontra aí a sociedade atual, dos hackers, das finanças em crise, da violência, da imprensa etc.", diz Gouvenain à Folha. ""Millennium" é fundamentalmente otimista e nos diz que, em nossa sociedade, mesmo se ela tem defeitos, coisas podres, na medida em que a Justiça, a polícia e a imprensa, os três poderes antitotalitaristas, funcionam, então nem tudo estará perdido."

Críticas
As edições em inglês do primeiro volume de "Millennium" vieram com loas de escritores do calibre de Michael Connelly ("romance surpreendente") e Michael Ondaatje ("originalíssimo"). A edição brasileira acrescentou aí Luiz Alfredo Garcia-Roza ("narrativa ágil e inteligente") e o colunista da Folha Contardo Calligaris ("não tem como largar o livro").
Nos EUA, a trilogia está há quatro semanas na lista de mais vendidos do jornal "New York Times". Pouco depois do lançamento, a respeitada crítica literária do diário, Michiko Kakutani, destrinchou os ingredientes da trama: "psicodrama sombrio de um filme de Bergman", "pirotecnia sinistra de um thriller sobre um serial killer" etc. Kakutani também não poupou elogios à trilogia, ainda que com ressalvas:
"[Os dois protagonistas] são pessoas convincentes, complexas e conflitadas, idiossincráticas ao extremo e suficientemente interessantes para compensar pela mecânica da trama, que entra em pane quando o livro se aproxima de seu final pouco satisfatório."
De volta à Suécia, onde um em cada três habitantes já leu os livros de Larsson, o sucesso da trilogia levou o Museu da Cidade de Estocolmo (www.stadsmuseum.stockholm.se) a criar, no último verão sueco, um passeio turístico pelos lugares descritos por Larsson.
Com 90 minutos, o "tour" passa pelas ruas onde moram o protagonista, onde fica o escritório da revista "Millennium" etc. E logo será feito também em inglês e francês.


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