São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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Crítica/DVD/"I Love Lucy"

Anárquica, série dos anos 50 ajudou a formatar humor na TV

Caixa reúne primeira temporada de "I Love Lucy", produção que liderou audiência

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Muitos dos pais de fãs de "Seinfeld", "Friends", "Will & Grace" e "Two and a Half Men" ainda não haviam nascido quando o modelo de seriado cômico era formatado por um casal que reinou durante a década de 50 como o mais popular da TV norte-americana.
De 1951 a 1957, Lucille Ball (1911-1989) e Desi Arnaz (1917-1986) produziram e estrelaram 181 episódios de "I Love Lucy", que obteve o primeiro lugar de audiência em quatro de suas seis temporadas (nas outras duas, ficou em segundo e em terceiro lugares).
Os alicerces desse fenômeno, que se mantém ainda hoje como um dos mais bem-sucedidos na história da TV nos EUA, se espalham pelos 35 episódios da primeira temporada recém-lançada em DVD em caixa de sete discos que traz ainda o episódio-piloto, perdido durante décadas e só exibido, como relíquia, em abril de 1990.
Nele, um narrador conduz o espectador até um pequeno apartamento no sétimo andar de um prédio de Nova York próximo à região dos teatros e das casas noturnas, onde despertam -em camas separadas- Ricky e Lucy Ricardo. Cantor, ele se prepara para uma importante apresentação; ela quer acompanhá-lo, contra a vontade dele.
O argumento para um seriado que falasse de modo bem-humorado sobre o cotidiano de um casal veio do programa de rádio "My Favorite Husband", criado em 1948 e estrelado por Ball, que interpretava a mulher de um banqueiro. Quando a rede CBS se interessou em adaptá-lo para a TV com a própria atriz, Arnaz entrou no pacote.
Os dois se conheceram nas filmagens de "Garotas em Penca" (1940) e se casaram em seguida. Ao fundar, em 1950, a produtora Desilu, tentavam justamente viabilizar trabalhos conjuntos. A negociação com a CBS possibilitou que assumissem a produção do seriado, os direitos sobre os personagens e a autonomia criativa.
Levado ao ar em outubro de 1951, o primeiro episódio, "As Garotas Querem Ir a uma Boate", já estabeleceu parâmetros duradouros, como um apartamento de classe média para os Ricardo, mais cenográfico do que o ambiente do piloto, e a presença de um casal de vizinhos, Ethel (Vivian Vance) e Fred Mertz (William Frawley).
No segundo episódio, "Seja Companheira", as variações em torno da situação-base -marido que parece desinteressado da mulher- incluem brincadeiras com as origens cubanas de Ricky (e do próprio Arnaz) e uma referência ao Brasil, em homenagem a Carmen Miranda (1909-1955), com Ball dublando "Mamãe Eu Quero".
Semana após semana, cada nova meia hora foi consolidando características técnicas -como a gravação com quatro câmeras diante de uma plateia, o primeiro seriado a fazer isso- e dramatúrgicas, com destaque para os diálogos ágeis.
Duelos verbais, frases de duplo sentido e humor às vezes anárquico, mas sempre para consumo familiar, lembram que esse gênero televisivo tem como avós Ricky e Lucy Ricardo.


I LOVE LUCY - 1ª TEMPORADA

Distribuição: Paramount
Quanto: R$ 129,90 (em média)
Avaliação: bom




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