São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011

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Traduções começaram por necessidade, diz diretor

DE SÃO PAULO

Eduardo Tolentino está habituado com o ofício de tradutor. A maior parte das peças encenadas pelo Grupo Tapa em seus mais de 30 anos foi traduzida pelo diretor e pelos demais integrantes da companhia. O fato decorre da pura necessidade.
"O mercado editorial de textos teatrais é pequeno. Se as pessoas quase não leem livros hoje em dia, imagina peças de teatro", justifica.
Para ele, além de haver poucas obras do autor Tennessee Williams em português, muito do que foi publicado no país tem conteúdo ultrapassado.
O encenador cita o caso da peça "A Dama da Loção Antipiolho", cujo título tinha sido traduzido como "A Dama de Bergamota", em alusão a um óleo que era usado antigamente para matar piolho.
Segundo sua experiência, pequenos erros podem alterar todo o significado da obra.
Na peça "Fala Comigo Como a Chuva", por exemplo, as rubricas do autor situam a história num quarto situado a oeste da Oitava Avenida, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos.
"É preciso colocar uma nota dizendo que, na data da criação do texto, esta era a região mais degradada da cidade. Muda todo o sentido. A maioria das traduções não explica essas coisas", diz.
Apesar de o Tapa ser um dos grupos de teatro mais tradicionais do país, célebre sobretudo por montar textos clássicos, a companhia nunca havia encenado uma peça de Tennessee Williams.
O mergulho na obra do autor já rendeu um fruto: "Alguns Blues do Tennessee", peça composta por três textos curtos do autor, que estreou no começo deste ano e volta ao cartaz no início do ano que vem.
Novas montagens do dramaturgo norte-americano devem surgir. Tolentino faz suspense sobre os textos eleitos, mas se confessa contaminado pelo universo poético de Tennessee Williams. (GM)



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