São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011

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Cias. de dança revisitam obras seminais

A belga Anne Teresa de Keersmaeker e a alemã Sasha Waltz apresentam em São Paulo suas primeiras coreografias

Uma das peças, "Rosas Danst Rosas", teria sido plagiada por Beyoncé em clipe e está em turnê que vai a BH e ao Rio

AMANDA QUEIRÓS
DE SÃO PAULO

Quando a coreógrafa belga Anne Teresa de Keersmaeker criou o espetáculo "Fase", há 29 anos, ela não só traduziu em movimentos a música minimalista de Steve Reich como também inaugurou um modo de pensar a dança que tornaria seu nome um dos mais influentes da cena pelas décadas seguintes.
Há duas semanas, no entanto, ela ficou mais conhecida como "a coreógrafa plagiada por Beyoncé" no clipe "Countdown". Trechos praticamente idênticos de sua peça "Rosas Danst Rosas" -elaborada em 1983 e tida como um grito feminista- estão lá.
O público brasileiro vai poder tirar a dúvida ao vivo.
Keersmaeker dança, a partir de hoje, em São Paulo, três peças. Duas são as obras já descritas. A terceira é um de seus trabalhos mais recentes, "En Atendant", criada em 2010 a partir de músicas do século 14. A turnê segue para Belo Horizonte e Rio.
"Essas peças antigas têm o vocabulário, o drama e a abordagem que ainda vejo nas novas. Não acho que estejam datadas e acredito que trazê-las põe o trabalho em perspectiva diferente", disse ela, por telefone, à Folha.
Keersmaeker, 51, estudou na Mudra, escola criada por Maurice Béjart (1997-2007), e desde cedo pautou sua investigação artística pela relação entre movimento e música.
Se no início da carreira ela se interessava por uma abordagem mais formal e abstrata das estruturas de composição coreográfica, com muito uso de repetições, hoje ela se vê mais livre para buscar também a emoção.
A principal herança do passado no presente está em uma certa "economia de meios". "Não há aparatos tecnológicos, são realmente o corpo e a música que moldam a performance", afirmou.
A turnê marca o retorno da coreógrafa ao país nove anos após sua última visita.

SOPRO ALEMÃO
Outra coreógrafa encerra uma longa ausência nos palcos locais. Após dez anos, Sasha Waltz dança na capital paulista no fim de semana.
Coincidentemente, a alemã também retorna ao passado e apresenta aqui a primeira obra de seu repertório.
"Travelogue 1 - Twenty to Eight" surgiu em 1993. A ação é toda situada numa cozinha, inspirada por movimentos cotidianos retrabalhados a partir de técnicas de improvisação -influência da dança pós-moderna norte-americana, principal referência no trabalho de Waltz, 48.
O trabalho faz alusão ainda a outros ícones artísticos: os filmes "Um Cão Andaluz", de Luis Buñuel, e "Acossado", de Jean-Luc Godard.
"Remontei a peça em 2007 com outra geração e percebi que ainda havia atualidade. Há certas noções globais que resistem mais que dez anos", afirmou ela por e-mail.



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