São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 2005 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA Principal representante atual do gênero, banda de ritmo agressivo é uma das atrações centrais do Claro que É Rock Brasil ouve som "industrial" do Nine Inch Nails
THIAGO NEY DA REPORTAGEM LOCAL Em uma inédita temporada cheia de grandes festivais pop, amanhã São Paulo assiste ao Claro que É Rock, o último desses grandes eventos da temporada. Os shows esperam reunir cerca de 30 mil pessoas. Para isso, escalou bandas díspares entre si, como o agressivo Nine Inch Nails, o psicodélico Flaming Lips, o "art rock" do Sonic Youth e os veteranos Iggy and the Stooges. Os artistas se apresentarão em dois palcos, um de frente para o outro. A iniciativa foi tomada, afirma a organização, para que nenhum show encavale ou atropele outro -por exemplo, quando o Good Charlotte terminar sua apresentação no palco A, a Nação Zumbi sobe ao palco B. A sede do CQER é um terreno da Chácara do Jockey na av. Francisco Morato, região sul da cidade. É uma área sem muitas vias de acesso: assim, as chances de congestionamento de trânsito são grandes, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Até o início da tarde de ontem, haviam sido vendidos 15 mil ingressos para a versão paulistana do evento (a perna carioca ocorre no domingo, na Cidade do Rock). Agressividade Trent Reznor, soturna figura do mundo pop norte-americano, foi o nome escolhido para fechar o festival. Reznor é a cabeça -além de vocalista- do Nine Inch Nails. O grupo é, hoje, o principal representante do chamado rock industrial, gênero que utiliza sintetizadores e efeitos eletrônicos para dar peso a guitarras e bateria já pesadas. Ministry e Skinny Puppy são referências no assunto. "Quando começamos, o que costumávamos chamar de rock industrial estava praticamente morto. Com o Nine Inch Nails, nunca levantei essa bandeira", explica Reznor, por telefone, à Folha. "Mas era uma época [final dos anos 80] em que ainda dava para arriscar. Hoje as gravadoras não procuram artistas diferentes, experimentais, elas apostam apenas naquilo que têm certeza que dará dinheiro. Hoje você vê bandas na TV e todas soam da mesma maneira. Fico imaginando: "Será que eles realmente acham que podem mudar algo, ou que fazem algo desafiador?'" Com "With Teeth", neste ano o NIN interrompeu um período de seis anos sem discos -os outros são "The Fragile" (99), "The Downward Spiral" (94) e "Pretty Hate Machine" (89). Todos álbuns de ambiente agressivo, dark, pesado, tanto na música quanto nas letras pessoais de Reznor. "Quando comecei a escrever música, não sabia sobre o que falar, não me sentia seguro em escrever sobre política ou coisas do gênero. Até que passei a pegar alguns textos de um diário que eu tinha, misturava com algumas letras que compunha e vi que desse jeito era mais honesto. Toda aquela raiva, frustração e infelicidade se encaixavam na música do Nine Inch Nails", conta ele. "A banda foi ficando popular, e nesse processo comecei a questionar quem eu realmente era. Lia o que escreviam sobre mim nos jornais e de certa forma passei a me redefinir de acordo com aquilo. Tenho certeza que isso ajudou a me levar à depressão e às drogas." Mas, diz o vocalista, os momentos difíceis ficaram para trás. "Hoje encaro o Nine Inch Nails como uma banda que emana vários sentimentos, geralmente não muito alegres, e isso é apenas uma porção de quem eu sou. Não estou mais em guerra comigo mesmo. Mas isso não quer dizer que eu escreverei canções felizes como o Paul McCartney", brinca. Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Flaming Lips promove festa "pré-fim do mundo" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |